Mais um mineiro, mais um talento. Embora eles venham de diferentes regiões de Minas, das diversas Minas, como defende esse escritor, tenho notado em todos eles este ponto em comum: uma qualidade literária excepcional e um quê a mais em seus escritos.
Menalton apresentou Fiorese como um dos maiores poetas brasileiros atualmente e eu não duvido disso.
Sua poesia teve uma influência marcante de João Cabral de Melo Neto em sua estrutura, mas não se restringe a esse aspecto. Em seu livro atual Um dia, o trem ele diz ter radicalizado nessa influência justamente para poder, finalmente, deixá-la à parte.
Nesse serão, ele leu um conto muito forte de seu mais recente livro " Aconseho-te cureldade" e poemas do "Pequeno Livro de Linhagens, cujas figuras que me remeteram direto à minha infância. Deixo aqui para vocês dois desses poemas
AVÓ DEPOIS DE MORTA
A Dona Rosa, minha avó
A avó ainda rega o canteiro
onde mirraram os brinquedos.
Mesmo morta ainda
Mesmo morta ainda
ralha com a tempestade
que escondeu os meninos
em outra idade.
Ainda cose um pulôver
Ainda cose um pulôver
com os fios da mortalha.
NELSA, ENQUANTO COSTUREIRA
NELSA, ENQUANTO COSTUREIRA
De corpo entendo.
O que me escapa
são os remendos
que amiúde pedem,
como se eu pudesse
costurar para dentro.
Um alfinete
é a dor que posso.
De roupa entendo.
O que me espanta
é porque tão ciosas
de esconder a nódoa,
quando um corpo
existe pelas dobras.
Um alfinete é pouco
para ensiná-las.
Também falei do Fiorese no blog, bom dimais da conta!
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