O escritor Menalton Braff (vencedor do Prêmio Jabuti 2000 - categoria Ficção), lançou ontem em Ribeirão Preto, na Paraler Megastore, o seu livro MOÇA COM CHAPÉU DE PALHA- Editora Língua Geral.
"O título deste romance, Moça com chapéu de palha, antecipa muitos aspectos da técnica narrativa de Menalton Braff. De imediato, ele sugere uma composição impressionista, que induz o leitor a participar da criação do significado da obra. O texto é lírico, intenso, e a análise do narrador, voltada para a crise existencial mais grave de sua vida, modifica-se com o passar do tempo. Nesse sentido, o estilo narrativo de Menalton nos remete – ao reavaliar o mesmo fato à medida que o protagonista se distancia dele – à série de pinturas de Claude Monet sobre a catedral em Rouen.
Este livro ainda revela muitas cenas campestres, pinceladas como se fossem uma natureza morta. É quando também há maior abertura para o registro de cenas cotidianas, triviais, mas que, pela qualidade com que as tintas e os movimentos são manipulados, ganha um papel muito relevante em Moça com chapéu de palha: elas completam o painel impressionista, que vai misturar a leveza do erotismo com o peso da incerteza sobre a vida. As impressões nascem ora do que vai sendo mostrado com solidez, o amor entre o protagonista e Angélica, sua mulher, ora pelas incertezas do narrador em torno do seu destino.
E é justamente em torno das incertezas que o romance ganha um contraponto, um tom que por vezes, de modo instigante, nos faz lembrar da literatura noir, repleta de mistérios e suspenses. Acentua-se então o cenário urbano, da redação do jornal e das relações profissionais ali estabelecidas, da falta de ética, do poder que consome o compromisso com a verdade, um lema que a imprensa carrega consigo feito um estandarte.
De um lado, o campo, o cuidado na preparação da comida, na arrumação da mesa de jantar, no zelo com o jardim, na vida amorosa e sentimental, enquanto, de outro, estão a cidade e sua máquina incessante, brutal e estressante. Qual dos dois é mais verdadeiro? Qual dos dois é mais importante? São perguntas que se colocam neste romance e são formuladas em diálogo com a própria criação literária, num jogo metalinguístico que apenas um autor maduro como Menalton Braff poderia conquistar.'
Fonte: http://www.menalton.com.br/livros.html
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