Fazia tempo que eu não sabia mais o que era tomar um bom banho de chuva.
Depois deste dia calorento da minha cidade, acabo de relembrar essa deliciosa sensação.
Passei de espectadora a protagonista dessa cena magistral que é a de uma pessoa se encharcando na chuva.
Deixei de ver apenas dois limpadores de pára-brisas entediantes desembaçando a minha visão, pessoas correndo à frente do meu carro e passei a sentir todos os efeitos especiais de alguém que é apanhado de surpresa pela famoso 'pé d'agua'.
Na verdade, já havia chovido antes e já havia parado. Por isso, depois de sair da missa das seis, resolvi cair na tentação de ir, a pé, comprar um maravilhoso bolo de fubá com queijo. Quer coisa melhor para um tempo de chuva do que bolo de fubá com café passado na hora? Quem é mineiro sabe...
Foi aí que a danada da chuva me pegou, com bolo na mão e tudo... E eu, sem ter para onde correr, resolvi não correr. E fui andando calmamente debaixo de chuva de vestido, sandália e cabelos recém-lavados. Confesso que foi muito bom, sensação de alma lavada. Entrei no meu carro parado a alguns quarteirões dali, pingando felicidade, daquelas de quem fez uma travessura que queria fazer há muito tempo.
Ainda tive ânimo, mesmo encharcada, de parar no supermercado logo à frente e fazer umas comprinhas.
E foi lá que eu fechei, com chave de ouro, a minha aventura pluvial, quando o mocinho que empacotava as compras olhou para mim e disse: 'Dona, a senhora tomou chuva? Será que estragou a chapinha?' Bom demais...
Mara Senna
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