Alumbramentos bandeirianos - Blog da FLIPJulho 01, 2009
A Conferência de Abertura da FLIP teve como tema a poesia de Manuel Bandeira. O professor e crítico Davi Arrigucci Jr. falou sobre a importância do alumbramento (epifania, êxtase, a “emoção diferente da poesia”) na obra do autor pernambucano que morou a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. Foi, aliás, no morro do Curvelo, em Santa Teresa, no Rio, que se deu a viravolta na vida de Bandeira, uma verdadeira guinada que fez com que sua poesia passasse a atentar para a simplicidade do cotidiano. Foi ali, no pé do morro carioca, que o autor deixou de lado o sentimento “cabotino da piedade de si mesmo”, numa “superação do sentimentalismo” que vai dar na poesia humilde, atenta ao que a vida simples tem de mais sublime. Para Arrigucci, a poesia de Bandeira é marcada pela convivência e pelo diálogo entre o alto e o baixo, o interior e o espaço de fora, entre o quarto e a rua. Bandeira deixa “o ruído do mundo humilde” penetrar nos sentimentos elevados do alumbramento. Por meio da leitura de alguns poemas do autor, como “Momento num café”, “Poema só para Jaime Ovalle”, “Comentário musical” e “Poema do beco”, Arrigucci empreendeu um verdadeiro itinerário pela Pasárgada de Bandeira: do escritor que recebeu a herança romântica do poeta que vai morrer jovem à formação do autor como um dos mais inventivos e influentes poetas modernistas brasileiros. Foi saudado de pé pelo público da FLIP 2009.
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