terça-feira, 28 de junho de 2011

‎'No frio do inverno, finalmente aprendi que dentro de mim existe
 um insuperável verão."

Albert Camus

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Frio


"E sou meu próprio frio que me fecho
Corto o frio da folha. Sou teu frio.

E sou meu próprio frio que me fecho
longe do amor desabitado e líquido,
amor em que me amaram, me feriram
sete vezes por dia em sete dias
de sete vidas de ouro,
amor, fonte de eterno frio,
minha pena deserta, ao fim de março,
amor, quem contaria?
E já não sei se é jogo, ou se poesia."


Carlos Drummond de Andrade
em Elegia

domingo, 26 de junho de 2011


Frescor agradecido de capim molhado
Como alguém que chorou e depois sentiu uma
grande,
uma quase envergonhada alegria.
Por ter a vida
Continuando...
Mário Quintana

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Tem uma felicidade mansa por dentro, devagarinho.
A casa bonita, os dias bonitos, a roseira bonita (...).
Guardo meu amor por dentro.
É precioso.


Caio Fernando de Abreu

domingo, 19 de junho de 2011

A estas alturas da minha vida,
 aprendi a não economizar meus afetos.
Deus me livre de um dia partir com excesso de bagagem!

Mara Senna

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Enguiço - Flora Figueiredo

Enguiço

Eis um amor que bate à porta
em hora imprópria.
Ousado, liga a lâmpada frouxa,
joga a trouxa de roupa ainda manchada
do sangue das costas lanhadas.
Impõe cadeado no portão,
como se não fosse sair mais,
caminha decidido sobre minha paz.
Esse temido amor de hora errada
já vem assobiando pelo corredor.
O trinco da porta é fraco
e não sustenta;
a oração é rala e pouco agüenta,
o medo é pequeno e permissivo.
A tal amor que chega inoportuno,
eu me condeno.
E porque me condeno é que me sinto vivo.

Flora Figueiredo

terça-feira, 14 de junho de 2011

Tenho poemas novos, guardados, lacrados como uma caixa de presentes. Há de chegar a hora da festa em que, ao abrí-los, verei em cada rosto o encantamento ou o espanto de se ver ali.
Por isso escrevo; porque quero presentear com a minha alma,  a alma do outro.

Mara Senna

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hoje é aniversário de Fernando Pessoa

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
...

Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."

Fernando Pessoa
( Ricardo Reis)


As pequenas indelicadezas tem a mesma dimensão dos pequenos espinhos: quase insignificantes, mas como sabem machucar!
Cuidado com os pequenos gestos... É através deles que mostramos o nosso avesso.

Mara Senna

domingo, 12 de junho de 2011

Mia Couto

"O suficiente é para quem não ama.
No amor só existem infinitos"

Mia Couto
no livro Venenos de Deus, Remédios do Diabo

sábado, 11 de junho de 2011

Amor Feinho - Adélia Prado

Amor Feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado, é igual fé,
não teologa mais.
Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero amor feinho.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Todo o sentimento - Chico Buarque


Todo o Sentimento

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

Composição : Chico Buarque e C. Bastos

terça-feira, 7 de junho de 2011

Poesia no Salão de Ideias da Feira do Livro de Ribeirão Preto


Foi ótimo o nosso Salão de Ideias  na Feira do Livro. Uma hora deliciosa de troca de emoções que só a poesia pode proporcionar. Manhã repleta de amigos

Nesta foto, as poetisas que participaram comigo:  à minha direta, Cecília Figueiredo e Cléo Reis (mediadora) e à esquerda Eliane Ratier.
Deixo para vocês, o poema com que encerrei  a minha fala no Salão de Ideias:

Perdas e ganhos

Pais, em geral, vão primeiro.
Quisera não perdê-los...
Por que então amá-los só depois?

Filhos e sobrinhos
quase sempre vão depois.
Quisera vivê-los...
Por que, desde agora, não fazê-lo?

Irmãos, aos poucos, todos se vão.
Subtração.
Por que não viver em união?

Cônjuges,
e se fossem juntos embora?
Muita fatalidade...
Melhor ser feliz, desde agora.

Amigos, se não nos restam,
melhor ir correndo.
Sem eles,
o que aqui vou ficar fazendo?

Mas se eu for primeiro,
antes de todos,
por favor, lá me encontrem.
Serei pura saudade
desde ontem.