sexta-feira, 30 de abril de 2010


"A felicidade é como a gota
de orvalho numa pétala de flor.
Brilha tranquila,
depois de leve oscila
e cai como uma lágrima de amor."

(Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

Dedicatória - Cecília Meireles

Dedicatória

Vai-se a vida,
resta a canção.
Não foi uma canção perdida.
Ficaste no meu coração.

Cecília Meireles

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Definição - Mara Senna

Já cantava o poetinha Vinícius de Moraes, que é "melhor ser alegre que ser triste".  Quem não concorda? Mas a tristeza é um sentimento que faz parte da vida, principalmente quando sofremos uma grande perda. É importante sentí-la e não ignorá-la ou fingir que ela não existe. Vivê-la para que ela mesma se consuma, acabe. Hoje em dia ninguém quer ficar triste hora nenhuma; todos querem um remédio, uma anestesia, qualquer coisa que não os deixe sentir. E com isso, perde-se o grande aprendizado da dor. Mas é importante lembrar que o poeta também cantava que "a tristeza tem sempre uma esperança de um dia não ser mais triste não". E ela passa, ah, uma hora passa!
Deixo aqui mais um poema para vocês,  que, como diz o samba do Vinícus, precisou de "um bocado de tristeza" para ser escrito.
Um abraço.

Definição

Estou triste.
Não tenho vergonha de dizer.
Tristeza não é amargura.
Tristeza uma hora passa.
Amargura é que é teimosa
e insiste em não passar.

Mara Senna
(este poema faz parte do livro Luas Novas e Antigas)

sábado, 24 de abril de 2010


"Mas nem sempre é necessário tornar-se forte.
Temos que respeitar nossas fraquezas.
Então, são lágrimas suaves, de uma tristeza
legítima à qual temos direito.
Elas correm devagar e quando passam pelos
lábios sente-se aquele gosto pouco salgado,
produto de nossa dor mais profunda."

Clarice Lispector

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Hoje é o Dia Mundial do Livro

O Dia Mundial do Livro é comemorado hoje, dia 23 de abril.
A data é uma homenagem ao escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote de La Mancha, e ao escritor inglês Willian Shakespeare, criador de várias obras, como Romeu e Julieta. Os dois morreram no dia 23 de abril de 1616.



O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado.”

" O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler e não lê."
Mário Quintana.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

´Hoje é o Dia da Terra


Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...

(Caetano Veloso)



Convite

Para visualizar melhor dê dois cliques na imagem:

Precisamos descobrir o Brasil


Hino nacional

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonnettes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas.

Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil.
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
no pobre coração já cheio de compromissos...
se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?


Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ser inconfidente

Se você se deparar com a palavra inconfidência no dicionário, vai certamente quase  pensar que Tiradentes mereceu ser enforcado, coitado. Seus significados são feios: falta de lealdade, de fidelidade para com alguém, e por aí vai... Parece coisa que mereça forca.
Mas, como boa mineira de origem,  tenho descoberto que ser inconfidente a certas coisas é muito bom e não precisa acabar em forca.  E, ao contrário, pode nos  livrar dela. Ser inconfidente ao que não se é, ao que não se quer mais, ao que cansamos de ser ou ao que inventaram que tínhamos de ser, é ser fiel a si mesmo.  É mudar! Ser inconfidente a ponto de ter coragem de mudar de profissão, de lugar, de relacionamento, de atitude, de sair da acomodação, de nadar contra a corrente, de enfrentar os medos... nada disso é fácil - dói, custa - mas é libertador!
Hoje em dia só fica enforcado quem se rende à tirania da infelicidade, seja lá de onde ela venha. E tomemos cuidado para que ela não venha de dentro de nós mesmos, que é onde tudo começa.
Tiradentes foi antes de tudo, fiel a si mesmo. Liberdade ainda que tardia. E viva a inconfidência! 
E aí vai um poema que fiz em um desses meus momentos de inconfidência:

Tiradentes

Liberdade ainda que tardia.
Troquei a forca pela poesia.
Inconfidente a quem eu pensei que fosse
e sou.
Porque não sou o que faço.
Sou o que sou.

Mara Senna
(in Luas Novas e Antigas, 2009)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Hoje é Dia do Índio, lembra?


Erro de Português

(...)
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.

Oswald de Andrade
(1890-1954)
Mais sobre Oswald de Andrade em

Lançamentos literários

Dois novos livros do poeta mato-grossense Manoel de Barros estão sendo lançados simultaneamente pela Editora Leya:
Poesia Completa (496 páginas) e o inédito Menino do Mato (96 páginas). Este último também foi incluído na antologia completa. É muito bom ver o poeta produtivo aos 93 anos de idade. Ele é mesmo um eterno menino do mato...
Vamos saborear um pouco da sua poesia:

Infantil

O menino ia no mato
E a onça comeu ele.
Depois o caminhão passou por dentro do corpo do
menino.
E ele foi contar para a mãe.
A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que
o caminhão passou por dentro do seu corpo?
É que o caminhão só passou renteando meu corpo
E eu desviei depressa.
Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia.
Eu não preciso de fazer razão.

Manoel de Barros

domingo, 18 de abril de 2010

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade

Para Sempre

Por que Deus permite que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite, é tempo sem hora,
luz que não se apaga quando sopra o vento
e chuva desaba, veludo escondido
na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre
junto de seu filho e ele, velho embora,
será pequenino feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 17 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Maria, Maria

MARIA , MARIA

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria...

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho, sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida..."

(Milton Nascimento/ Fernando Brant)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Saudade


"A saudade dói como um barco
que aos poucos descreve um arco
e evita atracar no cais..."
(Chico Buarque em Pedaço de Mim)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A ausente - Augusto Frederico Schmidt


A ausente

Os que se vão, vão depressa.
Ontem, ainda, sorria na espreguiçadeira.
Ontem dizia adeus, ainda, da janela.
Ontem, vestia, ainda, o vestido tão leve cor-de-rosa.

Os que se vão, vão depressa.
Seus olhos grandes e pretos há pouco brilhavam.
Sua voz doce e firme faz pouco ainda falava,
Suas mãos morenas tinham gestos de bênçãos.

No entanto, hoje, na festa, ela não estava.
Nem um vestígio dela, sequer.
Decerto sua lembrança nem chegou, como os convidados
Alguns, quase todos, indiferentes e desconhecidos.

Os que se vão, vão depressa.
Mais depressa que os pássaros que passam no céu.
Mais depressa que o próprio tempo,
Mais depressa que a bondade dos homens,
Mais depressa que os trens correndo nas noites escuras,
Mais depressa que a estrela fugitiva
Que mal faz um traço no céu.

Os que se vão, vão depressa.
Só no coração do poeta, que é diferente dos outros corações,
Só no coração sempre ferido do poeta
É que não vão depressa os que se vão.

Ontem ainda sorria na espreguiçadeira,
E o seu coração era grande e infeliz.
Hoje, na festa, ela não estava, nem a sua lembrança.
Vão depressa, tão depressa os que se vão...

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Mais sobre Augusto Frederico Schmidt em http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

terça-feira, 13 de abril de 2010

Aprendizado - Ferreira Gullar

Aprendizado

Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda

deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.

Ferreira Gullar

Mais sobre Ferreira Gullar em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sinal - Mara Senna

Sinal

Mandei um sinal de fumaça,
você nem ligou.
Será maldade, ou
você é analfabeto de nuvens?

Mara Senna
(este poema faz parte do livro Luas Novas e Antigas)

As cores de abril

As Cores De Abril

Vinicius de Moraes / Toquinho

As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil
Nas flores de abril
Voando e fazendo amor

O canto gentil
De quem bem te viu
Num pranto desolador
Não chora, me ouviu
Que as cores de abril
Não querem saber de dor

Olha quanta beleza
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção
Sou eu, o poeta, quem diz
Vai e canta, meu irmão
Ser feliz é viver morto de paixão

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa!


"A ressurreição já está sendo urdida, os tubérculos
da alegria estão inchando úmidos, vão brotar sinos”.

Adélia Prado

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Para renascer contigo - Madre Teresa de Calcutá


Para renascer contigo

"Senhor, ajuda-nos a ver a tua crucificação e ressurreição como um exemplo de como suportar e aparentemente morrer na agonia e no conflito da vida diária, para que possamos viver mais intensa e criativamente. Aceitaste paciente e humildemente a repulsa da vida humana, tanto quanto as torturas da Tua crucificação e paixão. Ajuda-nos a aceitar as dores e conflitos cotidianos como oportunidades de crescimento de nossa pessoa e de nos tornarmos mais semelhantes a Ti, atravessando-os paciente e bravamente e confiando que Tu nos apoiarás. Faze que compreendamos que só através de renúncias frequentes de nós mesmos e de nossos desejos egoístas poderemos viver mais plenamente; só morrendo Contigo poderemos renascer Contigo. "

Madre Teresa de Calcutá