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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Manuel Bandeira

"Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura..."

Manuel Bandeira

quinta-feira, 18 de março de 2010

“Não faço poesia
quando quero
e sim quando ela,
poesia, quer.”

Manuel Bandeira
(19/04/1886 – 13/10/1968)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

E o Rio de Janeiro continua lindo...

 
Voltei ao Rio recentemente, depois de alguns anos sem ir até lá. Riscos e balas perdidas à parte, o Rio sempre me fascinou e ainda fascina; é muita beleza! Sou apaixonada por aquele azul, aquelas montanhas... Na verdade nunca fui vítima de qualquer tipo de violência por lá, mas eu sei que para quem vive o dia-a-dia, a coisa não anda nada fácil.
Torço para que a situação melhore e nem sei qual seria a solução,  mas sei que é muito desperdício não poder usufruir plenamente da Cidade Maravilhosa.
Transcrevo aqui o poema que Manuel Bandeira fez há 50 anos atrás, com saudades do Rio antigo. Imaginem se Manuel vivesse agora...

Saudades do Rio antigo

Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada.
Lá o rei não será deposto
E lá sou amigo do rei.
Aqui eu não sou feliz
A vida está cada vez
Mais cara, e a menor besteira
Nos custa os olhos da cara.
O trânsito é uma miséria:
Sair a pé pelas ruas
Desta capital cidade
É quase temeridade.
E eu não tenho cadilac
Para em vez de atropelado,
Atropelar sem piedade
Meus pedestres semelhantes.
Oh! que saudades que eu tenho
Do Rio como era dantes!
O Rio que tinha apenas
Quinhentos mil habitantes.
O Rio que conheci
Quando vim para cá menino:
Meu velho Rio gostoso,
Cujos dias revivi
Lendo deliciosamente
O livro de Coaraci.
Cidade onde, rico ou pobre
Dava gosto se viver.
Hoje ninguém está contente.
Hoje, meu Deus, todo mundo
Traz na boca a cinza amarga
Da frustração...Minha gente,
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

(1886-1968)
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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Pasárgada - Manuel Bandeira


VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA


Manuel Bandeira


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água.
Pra me contar histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.


Nota da autora: dedico este poema ao grande artista Djalma 'Fênix' Cano, que sabe declamá-lo como ninguém.



terça-feira, 31 de março de 2009

Madrigal melancólico - Manuel Bandeira

Foto: Carmen Fanganiello

MADRIGAL MELANCÓLICO

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela
de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso, -
Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida,
Nem a tua pureza.
Nem a tua impureza.
O que adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira 11/07/1920