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quarta-feira, 25 de agosto de 2010


"Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração."

Mario Benedetti

domingo, 15 de agosto de 2010

Passatempo - Mário Benedetti

Passatempo

Quando éramos crianças
os velhos tinham trinta
uma poça era um oceano
a morte definitivamente
não existia.

Então quando jovens
os velhos eram gente de quarenta
um reservatório era um oceano
a morte apenas
uma palavra.

E quando nos casamos
os anciões estavam com cinquenta
um lago era um oceano
a morte era a morte
dos outros.

Agora veteranos
e que alcançamos a verdade
o oceano é enfim o oceano
mas a morte passa a ser
a nossa.

Mario Benedetti,
poeta uruguaio,
 in: Viento del Exilio, Editorial Sudamericana, poema traduzido.

domingo, 27 de junho de 2010

Rosto de Ti - Mario Benedetti

Rosto de ti

Tenho uma solidão
tão concorrida
tão cheia de nostalgias
e de rostos teus
de adeuses faz tempo
e beijos bem vindos
de primeiras de troca
e de último vagão.

Tenho uma solidão
tão concorrida
que posso organizá-la
como uma procissão
por cores
tamanhos
e promessas
por época
por tato e sabor.

Sem um tremer de mais
me abraço a tuas ausências
que assistem e me assistem
com meu rosto de ti.
Estou cheio de sombras
de noites e desejos
de risos e de alguma maldição

Meus hóspedes concorrem
concorrem como sonhos
com seus rancores novos
sua falta de candura
eu lhe ponho uma vassoura
atrás da porta
porque quero estar só
com meu rosto de ti.

Porém o rosto de ti
olha a outra parte
com seus olhos de amor
que já não amam
como vives
que buscam a sua fome
olham e olham
e apagar a jornada.

As paredes se vão
fica a noite
as nostalgias se vão
não fica nada.

Já meu rosto de ti
fecha os olhos.

E é uma solidão
tão desolada.

Mario Benedetti
(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Papel Molhado - Mario Benedetti


Papel molhado

Mario Benedetti

Com rios
com sangue
com chuva
ou sereno
com sêmen
com vinho
com neve
com pranto
os poemas
costumam ser
papel molhado.

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

Papel mojado

Con rios
con sangre
con lluvia
o rocio
con semen
con vino
con nieve
con llanto
los poemas
suelen
ser papel mojado

Mario Benedetti,
(1920-2009)
poeta uruguaio
Mais sobre Mario Benedetti em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mario_Benedetti

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Poesia Latina - Mario Benedetti

Vice-versa

(Mario Benedetti)

Tenho medo de ver-te
necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te
tenho ganas de encontrar-te
preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te
tenho urgência de ouvir-te
alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te
ou seja
resumindo
estou danado
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.


(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)


Viceversa


(Mario Benedetti)


Tengo miedo de verte
necesidad de verte
esperanza de verte
desazones de verte
tengo ganas de hallarte
preocupación de hallarte
certidumbre de hallarte
pobres dudas de hallarte
tengo urgencia de oírte
alegría de oírte
buena suerte de oírte
y temores de oírte
o sea
resumiendo
estoy jodido
y radiante
quizá más lo primero
que lo segundo
y también
viceversa.