quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A passagem do ano - Carlos Drummond de Andrade


A passagem do ano


O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.


Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.


O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olhar e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...


Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.

O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles...e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.


Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poeminha de final de ano



Poeminha do final do ano passado
Final do ano,
aí vai meu currículo:
andei em círculo,
morri na praia,
fugi da raia.
Ano que vem eu mudo.

Mara Senna
(Este poema faz parte do livro Luas Novas e Antigas)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O modo de Adélia Prado dizer 'não esqueço você'...



Formas


De um único modo se pode dizer a alguém:
'não esqueço você'.
A corda do violoncelo fica vibrando sozinha
sob um arco invisível
e os pecados desaparecem como ratos flagrados.
Meu coração causa pasmo porque bate
e tem sangue nele e vai parar um dia
e vira um tambor patético
se falas no meu ouvido:
'não esqueço você'.
Manchas de luz na parede,
uma jarra pequena
com três rosas de plástico.
Tudo no mundo é perfeito,
e a morte é amor.

(Adélia Prado)

Fotos do cabeçalho do blog


São da minha amiga, a dentista e fotógrafa amadora Carmen Fanganiello, as fotos que têm enfeitado o cabeçalho do blog.
 Depois das lindas fotos de flores durante toda a primavera, agora é a vez das suas fotos de pôr- do-sol combinando com o verão.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Wave - Tom Jobim

foto: Clark Little

Wave

Vou te contar
Os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor
É impossível ser feliz sozinho...



O resto é mar
É tudo que não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz
É impossível ser feliz sozinho...



Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais e a eternidade...
Agora eu já sei
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver...

Vou te contar...



Composição: Tom Jobim
Clique para ouvir Tom cantando com sua filha Luisa:
http://www.youtube.com/watch?v=vpLLKvDAXNI

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Poesia de Natal - Mário Quintana


Tudo tão vago



Mário Quintana



Nossa senhora
Na beira do rio
Lavando os paninhos
Do bento filhinho...



São João estendia,
São José enxugava
e a criança chorava
do frio que fazia

Dorme criança
dorme meu amor
que a faca que corta
dá talho sem dor
(de uma cantiga de ninar)





Tudo tão vago...Sei que havia um rio...
Um choro aflito...Alguém cantou, no entanto...
E ao monótono embalo do acalanto
O choro pouco a pouco se extinguiu...



O menino dormira...Mas o canto
Natural como as águas prosseguiu...
E ia purificando como um rio
Meu coração que enegrecera tanto...



E era a voz que eu ouvi em pequenino...
E era Maria junto à correnteza,
Lavando as roupas de Jesus Menino...

Eras tu...que ao me ver neste abandono
Daí do céu cantavas com certeza
Para embalar inda uma vez meu sono!...

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Desejo a todos os seguidores e visitantes do blog um Natal Maravilhoso!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Vem chegando o verão



"Vem chegando o verão
Um calor no coração
Essa magia colorida
São coisas da vida..."

intérprete: Marina Lima
letra e música: Renato Rocketh

domingo, 20 de dezembro de 2009

Finalzinho de Primavera, com Cecília


4º Motivo da Rosa



Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.



Cecília Meireles

sábado, 19 de dezembro de 2009

A Primavera está indo embora...

Em meio à agitação das festas de final de ano, a primavera já vai saindo de cena, desapercebida, daqui a a três dias, dando lugar ao verão. Alguns nem perceberam a sua chegada, outros não pecerberão sua partida.
Fiz questão de saudá-la e faço questão agora, de ir me despedindo dela com os textos de quem melhor a descreveu: Cecília Meireles



Primavera

Cecília Meireles



A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.



Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Odes de Ricardo Reis


Odes de Ricardo Reis

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tão cedo passa - Fernando Pessoa


Tão cedo passa


Tão cedo passa tudo quando passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.


Ricardo Reis, um dos heterônimos de
Fernando Pessoa
(1888-1935)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

LUAS NOVAS E ANTIGAS EM ARAXÁ


Depois de Ribeirão Preto, São Paulo e Brasília, encerro esta temporada de lançamentos do meu livro na bela estância hidromineral de Araxá, MG, minha cidade natal e terra da famosa D. Beja.
O lançamento  será dia 22/12, a partir das 18:00 horas, na Empório do Livro na Av. Getúlio Vargas 286.

domingo, 13 de dezembro de 2009

sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais cenas do lançamento...


A maravilhosa e doce cantora Ná Ozzetti que interpretou, entre outras, Mutante de Rita Lee:



Mutante
Composição: Rita Lee - Roberto de Carvalho

Juro que não vai doer
Se um dia eu roubar
O seu anel de brilhantes
Afinal de contas dei meu coração
E você pôs na estante

Como um troféu
No meio da bugiganga
Você me deixou de tanga
Ai de mim que sou romântica!

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

Quando eu me sinto um pouco rejeitada
Me dá um nó na garganta
Choro até secar a alma de toda mágoa
Depois eu passo pra outra

Como mutante
No fundo sempre sozinho
Seguindo o meu caminho
Ai de mim que sou romântica!

Kiss baby, kiss me baby, kiss me
Pena que você não me kiss
Não me suicidei por um triz
Ai de mim que sou assim!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Só Amanhã - Mara Senna


Só Amanhã

Definitivamente,
hoje eu não sei o que quero,
se rir ou se chorar.
Nem sei bem os meus motivos.
Hoje minha casa está suja
mas minha alma está limpa.
Isso me consola.
Visto a camisola -
acho que vou dormir
até o dia de hoje passar.
Amanhã saberei o que fazer.

(Mara Senna)



 O meu poema acima foi lido pela talentosa atriz Dani Duarte, que estava "à espanhola". Ótima!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

TATUAGEM - Mara Senna


Tatuagem

Mara Senna

Dizem que o tempo apaga tudo.
Pois então,
com que tinta você escreveu seu nome?
Ou, quem sabe, você foi tatuagem,
tão fundo me doeu na pele
o apagar da sua imagem.


A leitura do poema acima, foi feita durante o lançamento de Luas Novas e Antigas pela atriz Paula Picarelli (foto), que é apresentadora do Programa Entrelinhas da TV Cultura. Também na foto, o ator Luciano Chirolli, que participou de várias leituras.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

LUAS NOVAS E ANTIGAS EM BRASÍLIA - convite


Convidando para mais um lançamento de Luas Novas e Antigas,  desta vez em Brasília, dia 09/12, quarta-feira, a partir das 19:30 h, na Café com Letras que fica na 203 Sul, bloco C – loja 19 – Asa Sul – Brasília DF
Entrada Franca
Mais detalhes, basta clicar no link abaixo:
http://cafecomletrasdf.blogspot.com/2009/12/lancamento-do-livro-luas-novas-e.html

domingo, 29 de novembro de 2009

Teia - Mara Senna


Teia

Mara Senna

Enquanto te espero, vou tecendo poemas,
com este fio prata que o luar me entrega.
Se o luar não sai, me desespero;
falta-me o fio.
Teço a minha teia, e a presa sou eu;
nela me enredo.
Continuo tecendo porque,
nesta sina de aranha,
só sei tecer...
Enquanto te espero, vou tecendo poemas.
De tanto te esperar, teci um livro.


Continuando a contar sobre o lançamento na Livraria da Vila, a leitura deste poema foi feita pela talentosíssima atriz Georgette Fadel (foto) que, merecidamente, já recebeu o  Prêmio Shell.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Amor Desbotado



Amor desbotado

Mara Senna

O meu amor, hoje,
é só uma figura desbotada pelo tempo,
ultrapassada pelos anos
que minha janela viu passar.
Mas o pedaço de alma que me foi tirado,
este lateja como dor-fantasma.
E a falta, a fome, a fadiga de tudo
são a minha triste figura;
não a que se olha,
mas a que não se vê.
Somente quem prestar muita atenção
na minha janela,
talvez suspeite,
talvez suspire,
talvez até sussurre uma prece,
por compaixão de um amor igual.
Mas, hoje em dia, quem
ainda presta atenção em janelas?


Este poema, faz parte do meu livro Luas Novas e Antigas e foi interpretado lindamente durante o lançamento na Livraria da Vila em SP, pela atriz Vera Barreto Leite, a Vera Valdez (comigo na foto abaixo), que já foi a modelo preferida de Coco Chanel, participou dos filmes de Malle e hoje é o principal ícone do Teatro Officina.



LEITURA DOS POEMAS DE LUAS NOVAS E ANTIGAS


Acho que será impossível descrever em palavras e /ou fotos, o quanto foi emocionante a leitura dos meus poemas pelos atores Georgette Fadel, Paula Picarelli, Vera Barreto Leite, Daniela Duarte, Luciano Chirolli e Eduardo Celestino na Livraria da Vila (foto). Ao som da música belíssima de Gustavo Sarzi no acordeon, violão de Junior Pitta,clarinete de Diogo Maia e pandeiro de Barão do Pandeiro, além da voz cristalina de Ná Ozetti, eles arrasaram sob a direção artística de Heron Coelho, que também participou das leituras. Noite para não se esquecer jamais.






 Na foto, à minha esquerda o talentoso  produtor e
 diretor artístico Heron Coelho, que também interpretou e cantou.


O grande artista Barão do Pandeiro, puro ritmo



 O ator Euardo Celestino que cantou 'Tatuagem.'



Os músicos Gustavo Sarzi , Junior Pitta, e Diogo Maia deram um show à parte.

Vou postar nos próximos dias aqui no blog alguns dos poemas do meu livro que foram lidos pelos atores

terça-feira, 24 de novembro de 2009

DEVER DE SONHAR - FERNANDO PESSOA



Dever de Sonhar

Eu tenho uma espécie de dever, dever de sonhar, de sonhar sempre,
pois sendo mais do que um espetáculo de mim mesmo,
eu tenho que ter o melhor espetáculo que posso.
E, assim, me construo a ouro e sedas, em salas
supostas, invento palco, cenário para viver o meu sonho
entre luzes brandas e músicas invisíveis.

Fernando Pessoa

domingo, 22 de novembro de 2009

Piano de Maria João Pires


Ontem tive a oportunidade  de ver de perto o virtuosismo da pianista Maria João Pires (foto), em um concerto com a Orquestra Sinfõnica de Ribeirão Preto sob a regência de Claudio Cruz, no Teatro Pedro II.
Fantástico. No bis, Maria João e Claudio Cruz, fizeram um lindo dueto com violino e piano, tocando Beethoven.
Nascida em Lisboa a 23 de Julho de 1944,  Maria João muito cedo aprendeu a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete tocou publicamente concertos de Mozart. Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical Portuguesa. Entre 1953 e 1960 estuda com o Professor Campos Coelho no Conservatório de Lisboa. Prossegue os estudos musicais na Alemanha, primeiro na Musikakademie em Munique com Rosl Schmid e depois em Hannover com Karl Engel.
Maria João Pires torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, que se realizou em Bruxelas.
Fez na sua carreira numerosas digressões onde interpretou obras de Bach, Beethoven, Schumann, Schubert, Mozart, Brahms, Chopin e muitos outros compositores dos períodos clássico e romântico. Maria João Pires é convidada com regularidade pelas grandes orquestras mundiais para tocar nas melhores salas de concerto, apresentando-se regularmente na Europa, Canadá, Japão, Israel e nos Estados Unidos.
Tem desenvolvido actividade tanto a nível individual (recitais, concertos, gravações) como em música de câmara: dos numerosos êxitos discográficos, destacam-se as gravações "Moonlight", com Sonatas de Beethoven; "Le Voyage Magnifique", integral dos Impromptus de Schubert; Nocturnos e outras obras de Chopin;. Sonatas de Grieg; e os Trios de Mozart com Augustin Dumay (violino) e Jiang Wang (violoncelo).
É a fundadora e dirigente do Centro de Belgais para o Estudo das Artes, no concelho de Castelo Branco, de cariz pedagógico, cultural e social.
Em 2006 a pianista mudou-se para o Brasil tendo declarado à Antena 2 e ao Aguarrás, ter sofrido muito em Portugal devido ao seu projecto, o Centro de Belgais para o Estudo das Artes. No Brasil adquiriu uma casa nos arredores da cidade de Salvador, capital do estado da Bahia.
Em 2009 a artista que tinha dupla nacionalidade, anunciou que irá ficar apenas com a nacionalidade brasileira.
 Fonte: Wikipedia

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lançamento da Antologia Poética Ave Palavra e Poema Sedução



  Dia 17/11 ocorreu o lançamento da belíssima e bem elaborada antologia Ave Palavra, no  Salão dos Espelhos do Tetro Pedro II.
Participei desta antologia, brilhantemente coordenada pela Profa. Ely Vieitez (comigo na foto acima), com o poema Sedução, que também faz parte do meu livro Luas Novas e Antigas.
Vejam fotos de alguns escritores que  também participaram da antologia:

Da esquerda para direita: Rita Mourão, eu , Célia Silli Barbosa, Elisa Alderani e Edina Duarte da Silva Prado

Da esquerda para direita: Maris Ester de Souza (presidente da Casa do Poeta), eu, Eliane Ratier e Alfredo Rossetti

Ruth Maria Sampaio de Freitas e eu

Comigo,Rita Mourão, que obteve o segundo lugar no concurso de crônicas da ALARP

E abaixo, o poema com o qual participei:

foto: Carmen Fanganiello.


Sedução

Mara Senna
Ontem, quando vinha pela estrada,
pareceu-me que os flamboyants
vestidos de vermelho
ofereciam-se a mim, voluptuosos.
Os ipês, já quase nus,
desavergonhados,
estendiam-me seus tapetes de florada.
Senti-me lisonjeada...
Ao chegar ao meu portão,
o jasmineiro lançou-me perfumes lascivos,
e a estrelitza,
que nunca havia dado flores,
abriu-se sensual,
revelando todas as suas cores.
Os antúrios tinham ares de desvarios,
sem falar nos lírios, perdidos em sonhar.
As roseiras estavam em festa, encarnadas,
e a flor azul miúda, da qual não sei o nome,
também rebentava
em pequeninos gozos de safira.
Abri meus braços,
completamente entregue.
Fui seduzida pela Primavera.





quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Prêmio Literário ALARP




A noite de ontem foi muito especial para mim, pois recebi o prêmio pelo primeiro lugar no I Concurso Literário de Crônicas da Academia de Letras e Artes de Ribeirão Preto.
Foi uma imensa alegria, que contou com a presença de familiares, amigos e acadêmicos da ALARP e fez parte da V Noite das Artes, que teve muita música, dança, poesia e exposição de pinturas.
 O segundo lugar do concurso ficou com a escritora Rita Marciana Mourão e o terceiro lugar, para uma promissora jovem de 23 anos que se chama Patrícia Benedetti.
 A minha crônica se chama O Passado, em breve estará  no site da ALARP e também aqui no blog.
 O prêmio foi patrocinado pela acadêmica e escritora Lucília Junqueira de Almeida Prado que estava no evento. Recebi o diploma e o prêmio das mãos da Secretária da Cultura, Adriana Silva.
Abaixo, algumas fotos das presenças amigas no evento.


 
 Presenças muito especiais: o marido Paulo Fernando e a irmã Maria Aparecida Senna


 
Amigos de sempre: Carmo Carmen Fanganiello (e  Márcia e  Carol Salioni que não estão na foto)



As acadêmicas Maria Lúcia Cardoso e Jair Yanni que brilhantemente declamaram durante o evento.
A simpatia da acadêmica Nely Cyrino de Mello e da escritora Eliane Ratier

No cantinho da foto à esquerda o multitalentoso acadêmico Djalma Cano, que cantou  durante o evento, o Carmo, Paulo, Carmen, eu e Dia.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

E o Rio de Janeiro continua lindo...

 
Voltei ao Rio recentemente, depois de alguns anos sem ir até lá. Riscos e balas perdidas à parte, o Rio sempre me fascinou e ainda fascina; é muita beleza! Sou apaixonada por aquele azul, aquelas montanhas... Na verdade nunca fui vítima de qualquer tipo de violência por lá, mas eu sei que para quem vive o dia-a-dia, a coisa não anda nada fácil.
Torço para que a situação melhore e nem sei qual seria a solução,  mas sei que é muito desperdício não poder usufruir plenamente da Cidade Maravilhosa.
Transcrevo aqui o poema que Manuel Bandeira fez há 50 anos atrás, com saudades do Rio antigo. Imaginem se Manuel vivesse agora...

Saudades do Rio antigo

Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada.
Lá o rei não será deposto
E lá sou amigo do rei.
Aqui eu não sou feliz
A vida está cada vez
Mais cara, e a menor besteira
Nos custa os olhos da cara.
O trânsito é uma miséria:
Sair a pé pelas ruas
Desta capital cidade
É quase temeridade.
E eu não tenho cadilac
Para em vez de atropelado,
Atropelar sem piedade
Meus pedestres semelhantes.
Oh! que saudades que eu tenho
Do Rio como era dantes!
O Rio que tinha apenas
Quinhentos mil habitantes.
O Rio que conheci
Quando vim para cá menino:
Meu velho Rio gostoso,
Cujos dias revivi
Lendo deliciosamente
O livro de Coaraci.
Cidade onde, rico ou pobre
Dava gosto se viver.
Hoje ninguém está contente.
Hoje, meu Deus, todo mundo
Traz na boca a cinza amarga
Da frustração...Minha gente,
Vou-me embora pra Pasárgada.

Manuel Bandeira

(1886-1968)
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