sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Diário de um brasileiro - Thiago de Mello

Às vésperas de mais uma eleição, vale a pena refletir nesse poema do grande Thiago de Mello, escrito há muito tempo, mas tão atual como nunca

Diário de um brasileiro

O brasileiro convive bem com o escândalo moral.
Os ladrões infestam os salões de luxo,
os Bancos estouram, os banqueiros
são cumprimentados com reverência,
o Presidente do Congresso chama o senador
de bandido, sim senhor, vossa excelência.

O Presidente diz pela televisão
que "é preciso acabar com a roubalheira
nos dinheiros públicos".

As pessoas das cidades grandes
vivem amedrontadas, qualquer
transeunte pode ser um assaltante.

As meninas cheiram cola. Depois
vão dar o que têm de mais precioso
ao preço de um soco na cara desdentada.

O brasileiro convive com o escândalo
como se fosse o seu pão de cada dia,
com uma indiferença letal.

Como se dormir na casa com um rinoceronte,
mas rinoceronte mesmo,
fosse a coisa mais natural do mundo,
chegando a cheirar a camélias.

O povo, um dia.

Do povo vai depender
a vida que vai viver,
quando um dia merecer.
Vai doer, vai aprender.

Thiago de Mello

2 comentários:

  1. oi meu nome é esdras emanuel gostei muito deste texto, vou fazer um trabalho com este texto e presiso da sua ajuda. por favor esplicar este texto em forma resumida pra me...obg por favor responde este comentario logo....

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  2. Oi, Esdras Emanuel
    o poema por si só, ja´se explica, mas vamos lá.
    O grande poeta Thiago de Mello, naquela época, está falando de problemas que ainda são bem comuns no BrasiL: políticos corruptos, mau uso do dinheiro público, os famosos escãndalos, hipocrisia social, favoritismo, violência nas ruas, crianças abandonadas nas ruas usando drogas, sofrendo abusos e violência. E o que é pior, ele diz,é que ninguém parece mais se importar. Ficou tudo muito natural. E que o povo ainda vai pagar por essa indiferença, ainda vai sofrer muito a consequência de não ter feito nada, de ter se acomodado e vai aprender com a dor.
    É mais ou menos isso. Leia de novo o poema e poder ser que você vai encontrar ainda mais coisas na sua interpretação.
    Um abraço
    Mara Senna

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