segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Novo Livro de Menalton Braff


Em Bolero de Ravel, a excepcional técnica narrativa de Menalton Braff mais uma vez é posta a serviço de um magnífico efeito literário em cenas marcantes de recordação obsessiva que se repetem no ritmo intenso e crescente de um Bolero de Ravel

Bolero de Ravel é o mais recente romance de Menalton Braff que a Global Editora leva às livrarias. Nele, a técnica narrativa predominante é o fluxo de consciência. A exploração da memória, ou a presentificação do passado, concorrendo intensamente com o presente. Há temas obsessivos que retornam como expressão de que nós, seres humanos, somos a tota-lidade de nossas experiências, das quais não podemos nos desfazer em momento algum.
Laura, uma advogada bem-sucedida, e o irmão Adriano, um eterno adolescente, são os protagonistas de uma história em que as escolhas e os destinos dos dois serão completamente diferentes, opostos talvez. Eles acabam de enterrar os pais, mortos em um acidente, e Laura leva o irmão para a casa onde ele morava com os pais. Apesar das insistências dele, ela não chega a entrar. Tem pressa em partir, está preocupada com a viagem que terá de fazer até a cidade onde mora com o marido. Sozinho na casa, Adriano se desespera com a solidão.
Este romance de Menalton Braff é como uma melodia envolvente, de ritmo intenso e crescente, já expressa no título: Bolero de Ravel. À sombra dessa música, desenrola-se um drama familiar de cores negras, envolvendo uma mulher decidida e dinâmica e seu irmão, que nunca foi capaz de amadurecer. O contraste de temperamentos e objetivos de vida leva ao rompimento brusco das relações, e a ameaça de internamento do rapaz num manicômio. Deterioração física e mental. Delírio total.
Um clima obsessivo e angustiante, que o romancista explora com maestria e vigor: “A cada salto dado pelo cachorro, ele cresce, infla e aumenta o peso, e seus dentes alcançam as nuvens. Então ele se volta para as crianças e as devora como se fossem gotas do mar. E pula novamente, arrancando pedaços de nuvens, que ele engole, faminto. Seu pelo está sujo, escuro como as nuvens que ele já engoliu. Suas unhas imensas alcançam o Sol e o despedaçam. Então sumimos numa noite sem fim. Apenas a escuridão existe. Apenas a escuridão. Apenas.”

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