domingo, 16 de setembro de 2012

Estiagem - Mara Senna


Este poema de Ensaios da Tarde foi feito no ano passado,
nesta mesma época.
 E parece que este ano está ainda pior por aqui...


Foto: Este poema de Ensaios da Tarde foi feito no ano passado, nesta mesma época. E parece que este ano está ainda pior...
 
Estiagem
 
Arde, em meus olhos
e em minha garganta,
essa secura da tarde.
Da paisagem dos canaviais,
ainda tento arrancar doçura,
mas apenas aspiro 
a sua fuligem negra
e invasiva, como a memória.
Chego a sentir na boca
o gosto dessa poeira vermelha,
de alma roxa e sequiosa.
As imagens se refletem
nos espelhos escuros
dos ribeirões sedentos.
As lembranças assentam-se,
feito pó de viagem,
e tudo me aparece
qual miragem
ou vertigem.
Fantasmas da estiagem
em que eu faço chover
estas minhas palavras úmidas,
como voz solitária que clama no deserto.
 
Mara Senna in Ensaios da Tarde, 2012

Estiagem
 
Arde, em meus olhos
e em minha garganta,
essa secura da tarde.
Da paisagem dos canaviais,
ainda tento arrancar doçura,
mas apenas aspiro
a sua fuligem negra
e invasiva, como a memória.
Chego a sentir na boca
o gosto dessa poeira vermelha,
de alma roxa e sequiosa.
As imagens se refletem
nos espelhos escuros

dos ribeirões sedentos.
As lembranças assentam-se,
feito pó de viagem,
e tudo me aparece
qual miragem
ou vertigem.
Fantasmas da estiagem
em que eu faço chover
estas minhas palavras úmidas,
como voz solitária que clama no deserto.


Mara Senna
in Ensaios da Tarde, 2012

2 comentários:

  1. Ao menos a poesia, "a tua poesia" consegue alcançar nesta tarde um efeito suave como pingos de chuva em nossos corações.

    Também aqui em Brasília, estamos sofrendo com a estiagem prolongada, que favorece as queimadas e essas destroem a flora e fauna do nosso precioso cerrado.
    Um abraço.
    Adorei.


    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Lourdinha ainda bem que temos a poesia... Abraços.

    ResponderExcluir