terça-feira, 16 de julho de 2013

Com licença poética demais da conta

Foto: Com licença poética demais da conta 

Quando eu nasci um anjinho barroco,
daqueles do Aleijadinho
me disse:
'vais ser mineira e poeta,
mas antes serás Tiradentes,
até que estejas pronta
para carregar a bandeira da poesia.'
Despenquei das alturas de Minas,
atravessei a ponte do Rio Grande,
mas trouxe comigo esse sotaque
e uma nesga de sol nascente
para que me lembre de que vim
do planalto dos Araxás,
lugar de onde primeiro se avista o sol.
Casei-me com um mineiro bom,
e hora sim, hora não,
conheci a dor das mulheres sem-parto.
Continuo achando o Rio de Janeiro 
uma beleza,
mas cumpro a sina dos canaviais.
Meus livros são minha linhagem,
a minha escrita, o meu reino.
Fora isso, não quero fundar mais nada.
Ser mineira e ser poeta
para mim,
não é maldição.
É ser ao mesmo tempo
gauche e droite.
É ser duplamente abençoada.
Eu sou.

Mara Senna
livre adaptação, com todo respeito, do poema 'Com Licença Poética' de Adélia Prado.
 
Com licença poética demais da conta

Quando eu nasci um anjinho barroco,
daqueles do Aleijadinho
me disse:
'vais ser mineira e poeta,
 mas antes serás Tiradentes,
até que estejas pronta
para carregar a bandeira da poesia.'
Despenquei das alturas de Minas,
atravessei a ponte do Rio Grande,
mas trouxe comigo esse sotaque
e uma nesga de sol nascente
para que me lembre de que vim
do planalto dos Araxás,
lugar de onde primeiro se avista o sol.
Casei-me com um mineiro bom,
e hora sim, hora não,
conheci a dor das mulheres sem-parto.
Continuo achando o Rio de Janeiro
uma beleza,
mas cumpro a sina dos canaviais.
Meus livros são minha linhagem,
a minha escrita, o meu reino.
Fora isso, não quero fundar mais nada.
Ser mineira e ser poeta
para mim,
não é maldição.
É ser ao mesmo tempo
gauche e droite.
É ser duplamente abençoada.
Eu sou.

Mara Senna 
livre adaptação, com todo respeito,
do poema 'Com Licença Poética' de Adélia Prado.
 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário