segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Meu poema no blog de Menalton Braff

http://blogdomenalton.blogspot.com.br/2016/01/cantigas-de-amigos.html

Meu poema em CANTIGAS DE AMIGOS no blog do Menalton Braff

Costuras de vésperas

Eu tenho o sono das costureiras,
atulhadas de encomendas,
fatigadas em vésperas de festas.
Na noite do baile,
enquanto as outras mulheres
dançam pelos salões com seus pares,
elas dormem desacompanhadas
e aliviadas.
Só não sabem é que suas mãos,
rebeldes e fugitivas,
bailam, a bel-prazer,
nos braços de todos os maridos,
ocultas nas costuras
das saias e dos vestidos.


Mara Senna in Eternidades na palma da mão, Editora Patuá, 2015

Nem sepre nem nunca

Foto de Poeta Mara Senna.
 
Nem sempre nem nunca
 
Permita-me não usar a palavra
sempre
nem a palavra nunca
no que se refere a ti.
Se não sou tua luz definitiva,
também não sou a tua escuridão.
Sou a que não tem lugar,
mas ocupa espaço.
Sou a continuidade do que foi
Interrompido,
Por isso, sou ruptura e laço.
Sou repulsa e abraço,
Não tenho lógica alguma,
mas também não tens razão.
Se houvesse explicação,
eu não faria um poema.
Se houvesse porta,
de nada adiantaria:
tu não entrarias,
eu não sairia
Se houvesse janela,
eu não fugiria,
e tu esperarias de fora.
Se houvesse dança,
um de nós tiraria o outro para dançar
e este diria uma desculpa qualquer,
que não sabe dançar
ou que lhe doem os pés.
Mas permita-me em tudo isso
que escrevo,
não usar sempre
nem nunca.
 
Mara Senna