segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Nem sepre nem nunca

Foto de Poeta Mara Senna.
 
Nem sempre nem nunca
 
Permita-me não usar a palavra
sempre
nem a palavra nunca
no que se refere a ti.
Se não sou tua luz definitiva,
também não sou a tua escuridão.
Sou a que não tem lugar,
mas ocupa espaço.
Sou a continuidade do que foi
Interrompido,
Por isso, sou ruptura e laço.
Sou repulsa e abraço,
Não tenho lógica alguma,
mas também não tens razão.
Se houvesse explicação,
eu não faria um poema.
Se houvesse porta,
de nada adiantaria:
tu não entrarias,
eu não sairia
Se houvesse janela,
eu não fugiria,
e tu esperarias de fora.
Se houvesse dança,
um de nós tiraria o outro para dançar
e este diria uma desculpa qualquer,
que não sabe dançar
ou que lhe doem os pés.
Mas permita-me em tudo isso
que escrevo,
não usar sempre
nem nunca.
 
Mara Senna

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