Bem-vindo(a) ao meu blog! Sou Mara Senna. A poesia é o meu ofício, minha virtude e o meu vício, meu fim e meu início.Meu recomeço. Um desejo que não me larga, um amor que eu não esqueço. Uma dor comprida, uma alegria vivida, uma saudade sentida, uma palavra sufocada. A poesia em mim é tudo ou nada.
domingo, 31 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Vi e gostei - Abraços Partidos - Almodóvar
Vi e gostei muito:
Com "Abraços Partidos" (Los Abrazos Rotos),Pedro Almodóvar homenageia a arte cinematográfica, fala de amor e mostra que não perde nunca sua genialidade. Vale a pena.
Para mais detalhes acesse os links:
http://cinema.uol.com.br/filmes/abracos-partidos-2009.jhtm
http://www.cinemenu.com.br/filmes/abracos-partidos-2009/sobre-o-filme
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Confissão - Mário Quintana
Confissão
(Mário Quintana)
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A primeira vez que entendi - Affonso Romano de Sant'Anna
A primeira vez que entendi
A primeira vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na infância
cortei o rabo de uma lagartixa
e ele continuou se mexendo.
De lá pra cá
De lá pra cá
fui percebendo que as coisas permanecem
vivas e tortas
que o amor não acaba assim
que é difícil extirpar o mal pela raiz.
A segunda vez que entendi do mundo
A segunda vez que entendi do mundo
alguma coisa
foi quando na adolescência me arrancaram
do lado esquerdo três certezas
e eu tive que seguir em frente.
De lá pra cá
De lá pra cá
aprendi a achar no escuro o rumo
e sou capaz de decifrar mensagens
seja nas nuvens
ou no grafite de qualquer muro.
Affonso Romano de Sant'Anna
Affonso Romano de Sant'Anna
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
O vestido - Adélia Prado
No armário do meu quarto escondo de tempo e traça
meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas
à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem a minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.
(Adélia Prado)
(Adélia Prado)
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Atitude - Flora Figueiredo
Atitude
Esse seu silêncio
soa como um grito,
abafado em panos.
Só faz denunciar os danos que causei.
Desculpe o mau-jeito,
mas comporto, em minha quota de defeitos,
não levar junto os enganos que eu amei.
(Flora Figueiredo)
Mais sobre Flora Figueiredo em http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora_figueiredo
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Canção pensativa - Lya Luft
Canção pensativa
Um toque da solidão, e um dedo
severo me traz à realidade: não depender
dos meus amores, não me enfeitar
demais com sua graça, mas ver
que cada um de nós é um coração sozinho.
Cada um de nós perenemente
é um espelho a se mirar, sabendo
que mesmo se nesse leito frio e branco
um outro amor quer derramar-se em nós,
um outro amor quer derramar-se em nós,
entre gélido cristal e alma ardente
levantam-se paredes para sempre.
(E para sempre
a amante solidão nos chama e abraça.)
Lya Luft
Mais sobre Lya Luft em http://pt.wikipedia.org/wiki/Lya_Luft
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Falha necessária
"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária."
(Clarice Lispector)
domingo, 17 de janeiro de 2010
Três poemas que me roubaram - Mário Quintana
Três poemas que me roubaram
Lá pelas tantas menos um quarto eu suspirei num poema:
"Vontade de escrever Sagesse de Verlaine..."
Mas o que eu tenho vontade mesmo
é de haver escrito a Pedra no Meio do Caminho
a Balada & Canha, a Estrela da Manhã,
se
- ó Musa infiel,
não te houvessem possuído antes
Carlos, Augusto e Manuel!...*
Mario Quintana
(1906-1994)
Mais sobre Mario Quintana em
sábado, 16 de janeiro de 2010
Li e gostei: A Dança dos Cabelos - Carlos Herculano Lopes
A Dança dos Cabelos (1984), terceiro livro de Carlos Herculano Lopes, é um romance para quem quer sair do lugar-comum. Foi vencedor do Prêmio Guimarães Rosa, da Secretaria de Cultura de Minas Gerais. Aceitando o desafio de assumir a voz feminina, Herculano constrói uma narrativa de estrutura complexa, em que três protagonistas, avó, mãe e filha, todas chamadas Isaura, costuram retalhos de suas vidas para contar a história de uma só personagem. A segurança com que o autor conduz essa trama de muitos planos, sua extraordinária competência para construir perfis psicológicos e um estilo exato anunciavam um escritor disposto a enfrentar qualquer desafio para encontrar a melhor maneira de contar uma boa história. A previsão confirmou-se nos livros que se seguiram, e, hoje, Herculano é considerado um dos mais sólidos talentos de sua geração.
(Fonte: Wikipedia)
(Fonte: Wikipedia)
Saber viver - Cora Coralina
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura... Enquanto durar
Cora Coralina, poeta brasileira
(1889-1985)
Mais sobre Cora Coralina em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cora_Coralina
(1889-1985)
Mais sobre Cora Coralina em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cora_Coralina
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
O rosto do Amor
ZILDA ARNS (1934-2010)
O rosto do Amor
Isto é uma coisa
que, outras vezes,
eu já havia reparado:
de vez em quando
Deus toma
um rosto emprestado.
Espalha Amor aqui na terra
e vai embora,
disfarçado...
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Inveja - Mara Senna
Inveja
(Mara Senna)
As más línguas adoram dizer
que o brilho da lua é emprestado.
Mas tudo bem.
Não é todo mundo que tem
o sol como namorado...
(Este poema faz parte do livro LUAS NOVAS E ANTIGAS)
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Dia Branco - Geraldo Azevedo
O cantor e compositor pernambucano Geraldo Azevedo (foto) está completando hoje 65 anos. Uma das suas mais lindas canções é Dia Branco, que é também uma das minhas músicas preferidas. Sua letra é pura poesia.
Clique para ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=Jztg4OZK4g0
Dia Branco
Geraldo Azevedo
Composição: Geraldo Azevedo/ Renato Rocha
Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...
Nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor
Oh! oh! oh...
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo
Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...
Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...
Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Num pedaço de qualquer lugar...
E nesse dia branco
Se branco ele for
Esse canto
Esse tão grande amor
Grande amor...
Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo
Comigo, comigo.
Clique para ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=Jztg4OZK4g0
domingo, 10 de janeiro de 2010
O Padeiro - Rubem Braga
O PADEIRO
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a "greve do pão dormido". De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo.
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. Enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando:
- Não é ninguém, é o padeiro!
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo?
"Então você não é ninguém?"
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: "não é ninguém, não, senhora, é o padeiro". Assim ficara sabendo que não era ninguém...
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como o pão saído do forno.
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; "não é ninguém, é o padeiro!"
E assobiava pelas escadas.
Rubem Braga, Rio, maio, 1956.
Soneto LXVI - Pablo Neruda
Soneto LXVI (Pablo Neruda)
Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.
(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)
Soneto LXVI
Pablo Neruda
No te quiero sino porque te quiero
y de quererte a no quererte llego
y de esperarte cuando no te espero
pasa mi corazón del frío al fuego.
Te quiero sólo porque a ti te quiero,
te odio sin fin, y odiándote te ruego,
y la medida de mi amor viajero
es no verte y amarte como un ciego.
Tal vez consumirá la luz de Enero,
su rayo cruel, mi corazón entero,
robándome la llave del sosiego.
En esta historia sólo yo me muero
y moriré de amor porque te quiero,
porque te quiero, amor, a sangre y fuego.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Maya - Orides Fontela
Maya
A mente
mente
e o corpo
(ah)
consente.
Orides Fontela, poeta brasileira
in Poesia Reunida (1969-1996)
in Poesia Reunida (1969-1996)
Coleção Ás de Colete - Ed. Cosac Naify e 7Letras
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Hoje é o dia de Santos Reis - Tim Maia
06 de janeiro:
"Hoje é o dia de Santos Reis
Ando meio esquecido mas é dia da festa de Santos Reis..."
Clique para matar as saudades do "síndico".
O sábio Manoel de Barros e o parafuso trocado dos poetas
A disfunção
Se diz que há na cabeça dos poetas um parafuso de
a menos.
Sendo que o mais justo seria o de ter um parafuso
trocado do que a menos.
A troca de parafusos provoca nos poetas uma certa
disfunção lírica.
Nomearei abaixo 7 sintomas dessa disfunção lírica.
1 - Aceitação da inércia para dar movimento às
palavras.
2 - Vocação para explorar os mistérios irracionais.
3 - Percepção de contiguidades anômalas entre
verbos e substantivos.
4 - Gostar de fazer casamentos incestuosos entre
palavras.
5 - Amor por seres desimportantes tanto como pelas
coisas desimportantes.
6 - Mania de dar formato de canto às asperezas de
uma pedra.
7 - Mania de comparecer aos próprios desencontros.
Essas disfunções líricas acabam por dar mais
importância aos passarinhos do que aos senadores.
(Manoel de Barros)
Mais sobre Manoel de Barros em http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Poesia Latina - Mario Benedetti
(Mario Benedetti)
Tenho medo de ver-te
necessidade de ver-te
esperança de ver-te
insipidezes de ver-te
tenho ganas de encontrar-te
preocupação de encontrar-te
certeza de encontrar-te
pobres dúvidas de encontrar-te
tenho urgência de ouvir-te
alegria de ouvir-te
boa sorte de ouvir-te
e temores de ouvir-te
ou seja
resumindo
estou danado
e radiante
talvez mais o primeiro
que o segundo
e também
vice-versa.
(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)
Viceversa
(Mario Benedetti)
Tengo miedo de verte
necesidad de verte
esperanza de verte
desazones de verte
tengo ganas de hallarte
preocupación de hallarte
certidumbre de hallarte
pobres dudas de hallarte
tengo urgencia de oírte
alegría de oírte
buena suerte de oírte
y temores de oírte
o sea
resumiendo
estoy jodido
y radiante
quizá más lo primero
que lo segundo
y también
viceversa.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Voto - Veríssimo
Só para fugir
do clichê:
liz novo
ano fe!
Do livro Poesia numa hora dessas! de Luís Fernando Veríssimo
Assinar:
Postagens (Atom)