domingo, 18 de abril de 2010

Para Sempre - Carlos Drummond de Andrade

Para Sempre

Por que Deus permite que as mães vão se embora?
Mãe não tem limite, é tempo sem hora,
luz que não se apaga quando sopra o vento
e chuva desaba, veludo escondido
na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento.
Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça, é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre
junto de seu filho e ele, velho embora,
será pequenino feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. O Drummond sabe TUDO! Que poema mais lindo..tocou fundo no meu coração! Exatamente meu sentimento...Bjs.

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  2. Não é demais? E depois que a gente passa entende melhor ainda o poema. Bjs

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