terça-feira, 23 de junho de 2009

Confissão - Mara Senna


Como o Chile é o país homenageado na 9.a Feira do Livro de Ribeirão Preto, fiz este poema em homenagem a Pablo Neruda, como se fosse sua amante Matilde quem o fizesse.


Confissão


Confesso que vivo a te procurar.
Nas noites de versos tristes
eu tento vislumbrar a tua imagem perdida
no céu infinito de estrelas, que amavas tanto.
Não te encontro em meio às constelações.
Adormeço sempre em pranto.

Confesso que vivo a te procurar.
O som de naufrágio da tua canção desesperada
ecoa pelos meus ouvidos.
Mas nunca sei ao certo de onde vem
nem para onde vai.
Fico feito um navio sem porto e sem rumo.

Confesso que vivo a te procurar
Leio e releio teus versos e tuas cartas,
busco teus vestígios nas palavras,
e, nessa fome,
devoro teus livros como se fossem teu ser.
Mas, na boca, sobra-me apenas
o gosto amargo da tua ausência.

Confesso que vivo a te procurar.
A minha alma aflita voa
até os picos mais altos dos Andes
e depois, sem encontrar-te,
deixa-se cair desamparada e nua
no precipício gelado do desencanto.

Tu te foste menino grande!
E eu, que sempre te quis tanto,
de muito procurar-te, exausta me prostro.
E fico à tua espera, sob a luz da lua,
querendo encontrar fim e morte,
pois na vida eu só soube ser amante tua.

Nas noites geladas de ventos cortantes
sinto falta do teu calor
e, em vão, choro um rio Imperial por ti.
Mas, como não vens mais
permaneço então ausente e muda.
Mas confesso que muito te amei,
meu poeta, Pablo Neruda!


(Mara Senna)

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Own *_*
    Que linda poesia!
    simples leve e solta...

    Obrigado pela visita!!!
    Um dia também lançarei um livro...
    eu e Nayara...
    Iremos te visitar lá na feira, ainda preciso conhecer-te não é mesmo?
    :)

    Abraçoo
    Bjo

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  3. menina, que lindo! vai dizer esta no sarau segunda feira, é um exercício muito interessante se colocar na pele do outro.Beijo, Eliane

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