Foto: Luís Avelima
As cores da tarde
Toda tarde sabe que morre no poente.
Toda tarde tenta ser diferente.
Não guarda em si os mistérios da noitenem a esperança da manhã.
Não é vizinha do ontem
nem precede o amanhã.
Para não ser esquecida,
vai deixando em tudo
seus fulgores,
seus vestígios de fogo,
sua fugaz incandescência,
suas tardias digitais.
Precisa ser,
antes que seja tarde demais.
É preciso desmanchar-se
até o poente
para decifrar as suas cores,
a sua doce amargura,
o seu suave martírio,
a sua apoteose
de agonia e delírio.
Toda tarde esconde,
em sua beleza,
uma ferida.
A tarde dói
em tons
de despedida.
Mara Senna,
Toda tarde sabe que morre no poente.
Toda tarde tenta ser diferente.
Não guarda em si os mistérios da noitenem a esperança da manhã.
Não é vizinha do ontem
nem precede o amanhã.
Para não ser esquecida,
vai deixando em tudo
seus fulgores,
seus vestígios de fogo,
sua fugaz incandescência,
suas tardias digitais.
Precisa ser,
antes que seja tarde demais.
É preciso desmanchar-se
até o poente
para decifrar as suas cores,
a sua doce amargura,
o seu suave martírio,
a sua apoteose
de agonia e delírio.
Toda tarde esconde,
em sua beleza,
uma ferida.
A tarde dói
em tons
de despedida.
Mara Senna,
do livro Ensaios da Tarde