quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

As cores da tarde

As cores da tarde

Toda tarde sabe que morre no poente.
Toda tarde tenta ser diferente.
Não guarda em si os mistérios da noite
nem a esperança da manhã.
Não é vizinha do ontem
nem precede o amanhã.
Para não ser esquecida,
vai deixando em tudo
seus fulgores,
seus vestígios de fogo,
sua fugaz incandescência,
suas tardias digitais.
Precisa ser,
antes que seja tarde demais.
É preciso desmanchar-se
até o poente
para decifrar as suas cores,
a sua doce amargura,
o seu suave martírio,
a sua apoteose
de agonia e delírio.
Toda tarde esconde,
em sua beleza,
uma ferida.
A tarde dói
em tons
de despedida.

Mara Senna, do livro Ensaios da Tarde
Foto: Luís Avelima
 
As cores da tarde
Toda tarde sabe que morre no poente.
Toda tarde tenta ser diferente.
Não guarda em si os mistérios da noite
nem a esperança da manhã.
Não é vizinha do ontem
nem precede o amanhã.
Para não ser esquecida,
vai deixando em tudo
seus fulgores,
seus vestígios de fogo,
sua fugaz incandescência,
suas tardias digitais.
Precisa ser,
antes que seja tarde demais.
É preciso desmanchar-se
até o poente
para decifrar as suas cores,
a sua doce amargura,
o seu suave martírio,
a sua apoteose
de agonia e delírio.
Toda tarde esconde,
em sua beleza,
uma ferida.
A tarde dói
em tons
de despedida.

Mara Senna,
do livro Ensaios da Tarde

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