sexta-feira, 17 de maio de 2013

O som do silêncio - Nuno Júdice



 Foto: Mais um dos meus poetas preferidos: Nuno Júdice

O som do silêncio

Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
 descasco a laranja que o sol me pôs pela frente. É
 o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
 que saem de dentro dele, e me dizem que
 o poema é feito de muitos silêncios,
 colados como os gomos da laranja que
 descasco. E quando levanto o fruto à altura
 dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
 os versos soltos de todos os silêncios
 entrarem no poema, como se os versos
 fossem como os gomos que tirei de dentro
 da laranja, deixando-a pronta para o poema
 que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.»

Nuno Júdice, O som do silêncio, in Guia de Conceitos Básicos, D. Quixote, 2010
O som do silêncio

Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia,
descasco a laranja que o sol me pôs pela frente.
É
o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras
que saem de dentro dele, e me dizem que
o poema é feito de muitos silêncios,
colados como os gomos da laranja que
descasco. E quando levanto o fruto à altura
dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço
os versos soltos de todos os silêncios
entrarem no poema, como se os versos
fossem como os gomos que tirei de dentro
da laranja, deixando-a pronta para o poema
que nasce quando o silêncio sai de dentro dela.»

Nuno Júdice,
in Guia de Conceitos Básicos, D. Quixote, 2010



3 comentários: