Bem-vindo(a) ao meu blog! Sou Mara Senna. A poesia é o meu ofício, minha virtude e o meu vício, meu fim e meu início.Meu recomeço. Um desejo que não me larga, um amor que eu não esqueço. Uma dor comprida, uma alegria vivida, uma saudade sentida, uma palavra sufocada. A poesia em mim é tudo ou nada.
sábado, 17 de dezembro de 2016
sexta-feira, 16 de dezembro de 2016
Poemas em mallamargens
Mais uma vez tenho a alegria de ter meus poemas publicados pela conceituada revista de poesia e arte contemporânea mallamargens.
Grata, Jandira Zanchi
http://www.mallarmargens.com/2016/12/6-poemas-de-mara-senna.html#!/2016/12/6-poemas-de-mara-senna.html
Grata, Jandira Zanchi
http://www.mallarmargens.com/2016/12/6-poemas-de-mara-senna.html#!/2016/12/6-poemas-de-mara-senna.html
Mais uma exposiçào Fiori di Italia
Exposição Fiori di Itália na Biblioteca das Faculdades Anhanguera em Ribeirão Preto - obras de xilogravura e aquarela em técnica mista de Denise Muller e José Roberto Nocera e poemas de Mara Senna.
Bate-papo com as alunas da Pedagogia e livro com impressões sobre a exposição. Sempre muito bom.
Nosso muito obrigado aos coordenadores, professores e alunos pelo carinho com que nos receberam.
Veja as fotos:
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1352831358069697
Bate-papo com as alunas da Pedagogia e livro com impressões sobre a exposição. Sempre muito bom.
Nosso muito obrigado aos coordenadores, professores e alunos pelo carinho com que nos receberam.
Veja as fotos:
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1352831358069697
Poema em exposição sobre Hedonismo
Meu poema Harmonia na Exposição " Hedonismo " da Alarp Ribeirão Preto na Bauhaus. Autores participantes:Carlos Roberto Ferriani Cléo Reis Cristiane Framartino Bezerra Eliane Ratier Helena Agostinho José Carlos Panazzolo Nely Cyrino de Mello Nelson Jacintho. Parabéns a todos.
Parabéns, também a todos os artistas da Alarp que estão expondo as suas obras.
Parabéns, também a todos os artistas da Alarp que estão expondo as suas obras.
10 de dezembro - Dia do palhaço
Palhaço
E o palhaço o que é?
É doce como a marmelada,
sim 'sinhô'!...
Se é ladrão de 'muié',
ninguém nunca provou...
É doce como a marmelada,
sim 'sinhô'!...
Se é ladrão de 'muié',
ninguém nunca provou...
Mara Senna
10 de Dezembro - Dia do Palhaço
Minha homnegem a todos os palhaços do Brasil e do mundo
em especial ao querido Piolin, o palhaço genial, meu patrono na cadeira 29 da Alarp
10 de Dezembro - Dia do Palhaço
Minha homnegem a todos os palhaços do Brasil e do mundo
em especial ao querido Piolin, o palhaço genial, meu patrono na cadeira 29 da Alarp
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
domingo, 25 de setembro de 2016
sábado, 24 de setembro de 2016
Projeto Fiori di Italia na UNIP
No dia 13 de setembro aconteceu mais uma apresentação do projeto Fiori di Italia , durante a Semana de Administração da UNiP em Ribeirão Preto. O projeto iniciado pela artista Denise Müller congrega várias artes: artes visuais, poesia, música e teatro e conta com a participação dos artistas plásticos Denise Müller e José Roberto Nocera que apresentam obras com uma técnica mista inédita de xilogravura com aquarela, da poeta Mara Senna na poesia, da musicista Gilda Montans no acordeon e as atrizes Renata Martelli e Isabela Graeff na interpretação dos poemas.
Como o nome diz, tanto as obras, como os poemas e as músicas fazem referência à Itália, suas cidades e em especial, suas flores.
Os alunos da Administração e das Ciências Contábeis gostaram muito, participaram com perguntas sobre o trabalho de toda a equipe e relataram terem tido uma experiência inovadora, que só veio somar e ampliar o seu universo. Agradecemos muito ao Marcos coordenador dos cursos, os professores e todos da UNIP pela receptividade.
Vejam as fotos
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1313604945325672
Como o nome diz, tanto as obras, como os poemas e as músicas fazem referência à Itália, suas cidades e em especial, suas flores.
Os alunos da Administração e das Ciências Contábeis gostaram muito, participaram com perguntas sobre o trabalho de toda a equipe e relataram terem tido uma experiência inovadora, que só veio somar e ampliar o seu universo. Agradecemos muito ao Marcos coordenador dos cursos, os professores e todos da UNIP pela receptividade.
Vejam as fotos
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1313604945325672
Participação na mesa A poesia de todos os dias'' no Fliaraxá
E foi uma honra ter estado ao lado de tantos grandes nomes da literatura nacional e internacional em minha terrra natal. Muito bom levar minha Poesia para minhas raízes.
Agradeço a presença de todos. Agradeço o convite do Jose Santos. Agradeço à organização do Fliaraxá. Até o ano que vem! #Fliaraxá .
Valeu muito!
Vejam o vídeo: https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1311311625555004
Vejam mais fotos neste link: Créditos de Daniel Bianchini.
https://www.dropbox.com/sh/rokoyxlb9vge2lm/AACWR_y_FarMNuZtosetYdd6a/Dia%2017/A%20poesia%20de%20todos%20os%20dias%20-%20Mara%20Senna%20e%20Liria%20Porto?dl=0
Mais fotos
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1309289245757242
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Participação no Fliaraxá
No dia 17 de setembro participarei de uma mesa sobre Poesia no Festival Literário de Araxá junto com a poeta Líria Porto.
http://www.fliaraxa.com.br/convidado/mara-senna/
Como fazer e viver a poesia todos os dias? Esta é a pergunta que as duas escritoras mineiras, Mara Senna e Líria Porto, vão tentar responder. Apaixonadas por poesia e autoras de vários livros, elas vão falar de seu processo de criação nessa mesa que vai ser só de mulheres e poesia.
http://www.fliaraxa.com.br/convidados/
http://www.fliaraxa.com.br/convidados/
Poeminha de Agosto
Poeminha de agosto
Agosto,
a seu gosto
ou ao seu desgosto.
Se perdeu o gosto,
melhor deixar
a gosto de Deus;
Eu não gosto mesmo
de adeus...
Mara Senna
agosto/2011
a seu gosto
ou ao seu desgosto.
Se perdeu o gosto,
melhor deixar
a gosto de Deus;
Eu não gosto mesmo
de adeus...
Mara Senna
agosto/2011
Oficinas com Antônio Cícero e Alice Ruiz
Julho foi um mês muito proveitoso de aprendizado.
Oficina de Poesia e Filosofia com Antônio Cícero
e Oficina de Hacai Alice Ruiz
na Estação das Letras, RJ.
Veja as fotos no link
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1243243979028436
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1245032142182953
Oficina de Poesia e Filosofia com Antônio Cícero
e Oficina de Hacai Alice Ruiz
na Estação das Letras, RJ.
Veja as fotos no link
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1243243979028436
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1245032142182953
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Trechos de uma carta que nunca escrevi (III)
Trechos de uma carta que nunca escrevi (III)
Se houvesse um só dia
em que eu pudesse deixar de partir,
e pudesse desfazer as malas ...
sempre tão cheias de ti;
talvez, quem sabe, eu descansasse
e fosse feliz.
em que eu pudesse deixar de partir,
e pudesse desfazer as malas ...
sempre tão cheias de ti;
talvez, quem sabe, eu descansasse
e fosse feliz.
Mara Senna
Despedida boba
Despedida boba
-adeus...
-até nunca mais?
-não, até de vez em quando......
-e como saberei que é quando?
-quando for a vez, saberás...
-então, até já!
-até nunca mais?
-não, até de vez em quando......
-e como saberei que é quando?
-quando for a vez, saberás...
-então, até já!
Mara Senna
terça-feira, 21 de junho de 2016
Salão de Ideias Poesia com diferentes olhares sobre o mesmo tema
No dia 14/06 durante a na 16a, Feira do Livro de Ribeirão Preto. aconteceu o Salão de Ideias " Poesia com diferentes olhares sobre o mesmo tema" na preciosa companhia dos talentosos poetas João Augusto e José Augusto Camargo e mediação da querida e talentosa Nely Cyrino de Mello. Uma celebração em torno da Poesia. Muito obrigada pela presença e participação de todos!
Crepuscular
Este é o poema que recebeu o terceiro lugar nacional no
Prêmio Literário Mário Sérgio Cortella da 16a. Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.
O tema foi "A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio tom, nessa incerteza." Lygia Fagundes Telles.
Prêmio Literário Mário Sérgio Cortella da 16a. Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.
O tema foi "A beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da noite, está no crepúsculo, nesse meio tom, nessa incerteza." Lygia Fagundes Telles.
Crepuscular
Poentes: já vi tantos,
e de tantos encantos vestidos.
O lusco-fusco a brincar comigo
como olhos fugitivos
que ora me alumiam,
ora me deixam só,
no prenúncio da escuridão.
Poentes: já vi tantos,
e não me canso dos seus tons quentes
de paixão, de cores indizíveis.
O fugaz encontro do dia e da noite,
o beijo breve de dois amantes impossíveis.
Poentes: já vi tantos,
o fogo do dia a queimar os últimos pavios,
antes de a noite embarcar, absoluta,
em seus negros navios.
Nada vai ser igual quando a escuridão chegar.
Nada será tão intenso quando o sol raiar.
Nada se compara à plenitude desse momento,
intenso e crepuscular.
Poentes: já vi tantos,
essa hora que é ao mesmo tempo,
beleza e incerteza,
chegada e partida.
E me pergunto, entre tantos desenganos:
quantos ainda hei de ver
da janela imprevisível da vida?
e de tantos encantos vestidos.
O lusco-fusco a brincar comigo
como olhos fugitivos
que ora me alumiam,
ora me deixam só,
no prenúncio da escuridão.
Poentes: já vi tantos,
e não me canso dos seus tons quentes
de paixão, de cores indizíveis.
O fugaz encontro do dia e da noite,
o beijo breve de dois amantes impossíveis.
Poentes: já vi tantos,
o fogo do dia a queimar os últimos pavios,
antes de a noite embarcar, absoluta,
em seus negros navios.
Nada vai ser igual quando a escuridão chegar.
Nada será tão intenso quando o sol raiar.
Nada se compara à plenitude desse momento,
intenso e crepuscular.
Poentes: já vi tantos,
essa hora que é ao mesmo tempo,
beleza e incerteza,
chegada e partida.
E me pergunto, entre tantos desenganos:
quantos ainda hei de ver
da janela imprevisível da vida?
Mara Senna
foto: internet
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Video- homenagem do alunos surdos da E.E. Sebastião Fernandes Palma
Este é o video feito pelos alunos surdos que me fez chorar de emoção ontem na E. E. Sebastião Fernandes Palma. Agradeço de coração aos queridos alunos, às professoras Janaina Malta Lima e as interlocutoras de Libras: Camila de Paula e Dienifer, à professora Luciane Matheus que coordena Sala de Leitura, á diretora Maria Teresa e a todos da escola pelo carinho. E sou grata à Poesia que me proporciona essa riqueza.
https://www.youtube.com/watch?v=L2ssGpAoTOg&feature=share
https://www.youtube.com/watch?v=L2ssGpAoTOg&feature=share
Manhã e Tarde Poética na E.E. Sebastião Fernandes Palma
Ontem estive na Escola Estadual Sebastião Fernandes Palma a convite da coordenadora da Sala de Leitura Professora Luciane Aparecida Matheus para uma dupla jorna...da: uma manhã poética com os alunos do Ensino Médio e uma tarde poética com o alunos do 8o. Ano, entre eles os alunos surdos que freqüentam a Sala de Recursos da escola. Fui muito bem recebida pelas professoras Luciane, Adriana e os demais, pela diretora Maria Teresa e pelos alunos que já estavam fazendo leituras dos poemas dos meus três livros há alguns meses, e me encantaram com as declamações, desenhos, móbiles de poesia, homenagens e música. Além disso as lindas professora da Sala de Recursos e intelocutoras de libras Professora Janaina Malta Lima, Camila de Paula e Dienifer me presentearam com uma das mais belas homenagens que já recebi desde que me tornei escritora: os alunos surdos-mudos fizeram um vídeo em que declamavam meus poemas em libras com interlocução da professora Janaina. Chorei de emoção. Uma experiência inédita e maravilhosa. Agradeço de coração tanto carinho, tanto afeto. Como diz Adélia Prado: " que a Poesia use de todos os meios de transporte para chegar ao coração dos homens".
Vejam a s fotos no link:
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1220674401285394
Vejam a s fotos no link:
https://www.facebook.com/mara.senna.3/posts/1220674401285394
segunda-feira, 6 de junho de 2016
Premiação
E a semana começou com boas notícias: fui premiada com o terceiro lugar modalidade poema no Prêmio Literário Mário Sérgio Cortellla da 16.a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.
Do concurso participaram estudantes do ensino básico de Ribeirão Preto e adultos de todo o país.
A cerimônia de premiação será no dia 12 de junho de 2016 às 11:00 no Café do Theatro Pedro II.
Do concurso participaram estudantes do ensino básico de Ribeirão Preto e adultos de todo o país.
A cerimônia de premiação será no dia 12 de junho de 2016 às 11:00 no Café do Theatro Pedro II.
sábado, 4 de junho de 2016
31 de maio
31 de maio
De maio eu saio,
mas maio não sai de mim,
tenha sido ele dessa vez...
nem tão bom
e nem tão ruim.
Parto sem sair,
tento partir,
ensaio,
mas maio não sai de mim
nem eu de maio.
Mara Senna
mas maio não sai de mim,
tenha sido ele dessa vez...
nem tão bom
e nem tão ruim.
Parto sem sair,
tento partir,
ensaio,
mas maio não sai de mim
nem eu de maio.
Mara Senna
Ausência
Uma crônica que escrevi há alguns anos e que ficou guardada até amadurecer o sentimento:
Ausência
Subitamente, o dia azul de abril tornou-se cinza. e embora houvesse muita luz, sol e harmonia naquela manhã de outono, para mim, havia cessado a estação. Tudo ficou opaco e pesado como o chumbo e eu senti afundar o chão sob meus pés. Minha mãe partira para sempre naquela manhã, avisava a voz do meu irmão ao telefone.
Fiquei sem rumo e francamente parva. Anteontem eu havia me despedido dela na porta de sua casa, parecia bem, acenou-me do alpendre com um sorriso. Mal sabia eu que seria o seu último adeus.
Aos meus ouvidos chegava agora o canto de algum pássaro indiferente, e desinformado da minha dor. Eu compreendera assim, num relance, que quando viesse a flor de maio, eu já não iria florir como de costume. Uma névoa circundou-me em um abraço gelado que só a morte sabe dar. Meu coração agora já estava em pleno inverno
Uma dor lancinante cobrava-me dentro do peito o muito que eu perdia assim, tão de repente. E me vinha ao pensamento um verso do Vinícius: “de repente, não mais que de repente do riso fez-se o pranto...”
E até o ‘de repente’ me soava estranho. Eu sabia o quanto eu havia tentado, ao longo da vida, me preparar para esta perda tão previsível, que Cecília, soube cantar tão bem em seus versos: “era uma ausência que se demorava, uma despedida pronta a cumprir-se.” E, no entanto, quando se cumpriu, eu me vi totalmente desprevenida.
Quem disse que a vida permite ensaio? A morte estreia triunfante na sua hora precisa; nem um minuto a mais, nem a menos, estejamos nós preparados ou não. E, na verdade, nunca estamos.
Nas folhas secas do chão, súbito, enxerguei claramente a transitoriedade da vida. Elas simplesmente caem na estação prevista, tornam ao pó e outras folhas nascem, tomam seu lugar e assim o ciclo da vida se repete.
Olhei as paineiras que sempre florescem nessa época. Saltavam-me agora aos olhos os grandes espinhos no seu tronco, contrastando com a beleza rósea e suave das suas flores. Flor e espinho, riso e pranto, prazer e dor: seria essa a receita oculta da vida?
Eu buscava, como que desesperada, aprender de Drummond, a ausência “branca e pegada”, mas a minha, nesse momento, era negra e tinha mais a dureza da pedra do que o aconchego dos braços. Talvez, como disse o poeta mineiro, eu ainda fosse mesmo ignorante dessas coisas e lastimasse a falta. Mas ele que tanto entendeu das pedras, há de saber mais do que ninguém o que sinto e entenderá que também eu “tenho razão de sentir saudade.”
Mas, neste ponto, peço desculpas por ousadamente contradizer Vinícius, e dizer que eu não “deixarei que morra em mim a vontade de amar os seus olhos” tão verdes, nem o som gostoso da sua risada, o carinho das suas mãos nos meus cabelos, a doçura da sua voz. Até que um dia eu aprenda a transbordar tanto dessa ausência, que eu possa quase acreditar que de fato eu tenha voltado a ser feliz. E que nunca mais, nada nem ninguém, possa tirá-la de mim. E eu possa repetir Proust e afirmar que a ausência de minha mãe será para mim “a mais certa a mais intensa, a mais indestrutível e a mais fiel das presenças.”
Que assim seja. E há de ser.
Fiquei sem rumo e francamente parva. Anteontem eu havia me despedido dela na porta de sua casa, parecia bem, acenou-me do alpendre com um sorriso. Mal sabia eu que seria o seu último adeus.
Aos meus ouvidos chegava agora o canto de algum pássaro indiferente, e desinformado da minha dor. Eu compreendera assim, num relance, que quando viesse a flor de maio, eu já não iria florir como de costume. Uma névoa circundou-me em um abraço gelado que só a morte sabe dar. Meu coração agora já estava em pleno inverno
Uma dor lancinante cobrava-me dentro do peito o muito que eu perdia assim, tão de repente. E me vinha ao pensamento um verso do Vinícius: “de repente, não mais que de repente do riso fez-se o pranto...”
E até o ‘de repente’ me soava estranho. Eu sabia o quanto eu havia tentado, ao longo da vida, me preparar para esta perda tão previsível, que Cecília, soube cantar tão bem em seus versos: “era uma ausência que se demorava, uma despedida pronta a cumprir-se.” E, no entanto, quando se cumpriu, eu me vi totalmente desprevenida.
Quem disse que a vida permite ensaio? A morte estreia triunfante na sua hora precisa; nem um minuto a mais, nem a menos, estejamos nós preparados ou não. E, na verdade, nunca estamos.
Nas folhas secas do chão, súbito, enxerguei claramente a transitoriedade da vida. Elas simplesmente caem na estação prevista, tornam ao pó e outras folhas nascem, tomam seu lugar e assim o ciclo da vida se repete.
Olhei as paineiras que sempre florescem nessa época. Saltavam-me agora aos olhos os grandes espinhos no seu tronco, contrastando com a beleza rósea e suave das suas flores. Flor e espinho, riso e pranto, prazer e dor: seria essa a receita oculta da vida?
Eu buscava, como que desesperada, aprender de Drummond, a ausência “branca e pegada”, mas a minha, nesse momento, era negra e tinha mais a dureza da pedra do que o aconchego dos braços. Talvez, como disse o poeta mineiro, eu ainda fosse mesmo ignorante dessas coisas e lastimasse a falta. Mas ele que tanto entendeu das pedras, há de saber mais do que ninguém o que sinto e entenderá que também eu “tenho razão de sentir saudade.”
Mas, neste ponto, peço desculpas por ousadamente contradizer Vinícius, e dizer que eu não “deixarei que morra em mim a vontade de amar os seus olhos” tão verdes, nem o som gostoso da sua risada, o carinho das suas mãos nos meus cabelos, a doçura da sua voz. Até que um dia eu aprenda a transbordar tanto dessa ausência, que eu possa quase acreditar que de fato eu tenha voltado a ser feliz. E que nunca mais, nada nem ninguém, possa tirá-la de mim. E eu possa repetir Proust e afirmar que a ausência de minha mãe será para mim “a mais certa a mais intensa, a mais indestrutível e a mais fiel das presenças.”
Que assim seja. E há de ser.
Mara Senna
Imagem: Leslie Stahl
domingo, 1 de maio de 2016
quinta-feira, 28 de abril de 2016
segunda-feira, 25 de abril de 2016
23 de abril - Dia Mundial do Livro
Devoro-te com os olhos.
Sinto teus cheiros.
Desfolho uma a uma as tuas páginas,
pétalas sépias.
Se te tenho nas mãos, me possuis
Se me prendes, me libertas
com as palavras certas.
E desde o teu começo
renego o teu fim,
pois se em ti me esqueço,
quando findares,
o que será de mim?
Mas, generoso,
recompensas o meu apreço
e te reinventas, faz-te novo,
te eternizas em recomeços.
Sinto teus cheiros.
Desfolho uma a uma as tuas páginas,
pétalas sépias.
Se te tenho nas mãos, me possuis
Se me prendes, me libertas
com as palavras certas.
E desde o teu começo
renego o teu fim,
pois se em ti me esqueço,
quando findares,
o que será de mim?
Mas, generoso,
recompensas o meu apreço
e te reinventas, faz-te novo,
te eternizas em recomeços.
Mara Senna
23 de abril - Dia Mundial do Livro
quinta-feira, 21 de abril de 2016
Velhas canções
Velhas canções
O rádio do carro toca flashbacks'', músicas diretas do túnel do tempo: temas de novelas, filmes, coisas de outras épocas douradas, ou pelo menos, que hoje, de longe assim me parecem.
Uma a uma eu as reconheço, e canto bem alto, revivendo as letras.
Nessa hora, sou de novo jovem, sou estudante, sou namorada....
Tenho nos lábios os tons da inocência perdida, no corpo, roupas de outras modas, nos olhos maquiagem de 'dancing days`.
Em que momento será que nos transformamos em velhas canções e nem percebemos?
Uma a uma eu as reconheço, e canto bem alto, revivendo as letras.
Nessa hora, sou de novo jovem, sou estudante, sou namorada....
Tenho nos lábios os tons da inocência perdida, no corpo, roupas de outras modas, nos olhos maquiagem de 'dancing days`.
Em que momento será que nos transformamos em velhas canções e nem percebemos?
Mara Senna
Vila Rica
Vila Rica
Neste dia 21 de abril, dia de Tiradentes, como mineira de raiz que sou, me vem à tona a lembrança de Ouro Preto, antiga Vila Rica, cidade que conheci como a palma da minha mão em tempos de estudante, quando o coração também era de estudante.
Subir as suas ladeiras, andar pelos seus becos e vielas, é como entrar numa máquina do tempo e ouvir de novo os sussurros, as conspirações atrás das grandes portas e janelas.
É ouvir os suspiros de amor das alcovas, os poemas de Dirceu para sua Marília.
É contar os contos dos contos de réis.
É saber que cada uma daquelas pedras seculares traz um segredo, que jamais contarão. Não, as pedras de Ouro Preto não são traidoras como o foi Joaquim Silvério dos Reis. Se delas dependesse, as ruas não teriam bebido o sangue de Joaquim José da Silva Xavier.
Um dia, em uma das visitas à cidade, eu bem jovem, perambulando por suas ruas, perdi uma pulseira de ouro. Creio que deve ter caído em uma das suas infinitas gretas, e ali ficado invisível e inacessível entre as pedras. Talvez tenha ficado ali para sempre. Na época fiquei triste, porque era um presente de minha mãe. Hoje, agrada-me saber que ali deixei meu ouro misturado ao seu ouro negro. É como se, assim, eu tivesse me incorporado à sua história.
Hoje, quando vejo alguém que viaja ao exterior, mas que não conhece Ouro Preto, digo que é, sim, maravilhoso subir as ladeiras de Roma, ou de Montmartre em Paris, ou de São Francisco, que é muito bom subir e descer pelas ladeiras do mundo todo, mas que a sua viagem só será completa quando subir as ladeiras de Ouro Preto; só para encontrar ali a sua própria história na eterna Vila Rica dos sonhos de liberdade.
Subir as suas ladeiras, andar pelos seus becos e vielas, é como entrar numa máquina do tempo e ouvir de novo os sussurros, as conspirações atrás das grandes portas e janelas.
É ouvir os suspiros de amor das alcovas, os poemas de Dirceu para sua Marília.
É contar os contos dos contos de réis.
É saber que cada uma daquelas pedras seculares traz um segredo, que jamais contarão. Não, as pedras de Ouro Preto não são traidoras como o foi Joaquim Silvério dos Reis. Se delas dependesse, as ruas não teriam bebido o sangue de Joaquim José da Silva Xavier.
Um dia, em uma das visitas à cidade, eu bem jovem, perambulando por suas ruas, perdi uma pulseira de ouro. Creio que deve ter caído em uma das suas infinitas gretas, e ali ficado invisível e inacessível entre as pedras. Talvez tenha ficado ali para sempre. Na época fiquei triste, porque era um presente de minha mãe. Hoje, agrada-me saber que ali deixei meu ouro misturado ao seu ouro negro. É como se, assim, eu tivesse me incorporado à sua história.
Hoje, quando vejo alguém que viaja ao exterior, mas que não conhece Ouro Preto, digo que é, sim, maravilhoso subir as ladeiras de Roma, ou de Montmartre em Paris, ou de São Francisco, que é muito bom subir e descer pelas ladeiras do mundo todo, mas que a sua viagem só será completa quando subir as ladeiras de Ouro Preto; só para encontrar ali a sua própria história na eterna Vila Rica dos sonhos de liberdade.
Mara Senna
foto: Google - desconheço o autor
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