sábado, 13 de março de 2010

Mulheres fortes da nossa literatura - Adélia Prado

Durante toda a semana do Dia Internacional da Mulher procurei homenagear algumas das nossas escritoras; mulheres fortes, batalhadoras, guerreiras. Claro que ficaram faltando muitas outras, maravilhosas, e peço perdão a cada uma delas. Mas, hoje, para concluir, quero homenagear a escritora Adélia Prado e através deste poema dela, todas nós mulheres, seres desdobráveis, que ainda carregamos bandeiras pesadas, na esperança de que num futuro bem próximo, não seja preciso exisitir um dia em  homenagem à mulher mas que ela seja valorizada todos os dias.
Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade da alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

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