terça-feira, 31 de agosto de 2010


"Ainda tem o seu perfume
Pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara?
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas..."

Adriana Calcanhotto
Letra de "Vambora"

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Só amanhã

Só Amanhã

Definitivamente,
hoje eu não sei o que quero,
se rir ou se chorar.
Nem sei bem os meus motivos.
Hoje minha casa está suja
mas minha alma está limpa.
Isso me consola.
Visto a camisola -
acho que vou dormir
até o dia de hoje passar.
Amanhã saberei o que fazer

Mara Senna
in: Luas Novas e Antigas

Letras em Cena

 O Projeto Letras em Cena tem início em 31 de agosto na CPFL Cultura em Ribeirão Preto
Sucesso há cinco anos no MASP (Museu de Arte de São Paulo), na capital paulista, o projeto Letras em Cena – Leituras Dramáticas e Poéticas, idealizado por Clóvys Tôrres e Marina Mesquita, será levado pela CPFL Cultura às cidades de Bauru, Ribeirão Preto, Santos e Sorocaba.
Cada cidade irá sediar quatro leituras dramáticas de peças teatrais ao longo do segundo semestre.
Além das leituras dramáticas, as quatro cidades devem receber ainda eventos especiais que serão confirmados ao longo dos próximos meses. As apresentações do projeto Letras em Cena têm entrada gratuita e por ordem de chegada, a partir de uma hora antes do início dos eventos. Classificação: livre. Mais informações no site http://www.cpflcultura.com.br/
Programação
Ribeirão Preto - Local: Auditório da CPFL Paulista

31 de agosto – 19h
“Édipo” (Sófocles)
Adaptação e direção de Elias Andreato.
Com Eucir de Souza, Tânia Bondezan, Romis Ferreira, Fabio Herford, Nilton Bicudo, Clovys Torres e Elias Andreato.

28 de setembro – 19h
“O sonho de um homem ridículo” (Fiódor Dostoievski)
Direção e adaptação de Rubens Curi
Com Elke Maravilha e Clóvys Torres

26 de outubro – 19h
“Absinto”
De Luciana Carnieli.
Direção de Cássio Scapin.
Com Luciana Carnieli e Otávio Martins.

30 de novembro – 19h
“Cordélia Brasil”
Direção de Nelson Baskerville.
Com Mauricio Machado, Gabriela Alves e Daniel Alvim.

domingo, 29 de agosto de 2010

Serão e Sarau

Dois eventos literários consecutivos em Ribeirão Preto neste começo de semana:

Amanhã, segunda, dia 30/8, Serão Literário com a jornalista e escritora Angela Dutra de Meneses no Templo da Cidadania (R. Conde Afonso Celso 333) às 20:00 horas. Entrada franca.

E na terça 31/08, Sarau na Paraler Megastore com o tema Inglaterra, também às 20:00 horas.

sábado, 28 de agosto de 2010

Antes da chuva - Mara Senna

Antes da chuva

Dia quente.
Antes da chuva,
tenho sonhos de sede.
Tenho delírios de deserto.
Tenho vontade de você por perto.
Quero água.
Olho para o céu,
peço chuva, como o sertanejo,
chuva que aplaque este meu desejo,
que me dê um alívio de terra molhada.
Eu ando tão atordoada...

Mara Senna
in: Luas Novas e Antigas

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


"Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."

José Saramago

Ponto de Leitura

Por uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, através do Instituto do Livro/Comitê Proler e das Secretarias Municipais da Educação e Cultura será lançado  o projeto “Ponto de Leitura”, amanhã, dia 28/08/2010, sábado, às 9h00, no Parque  Ecológico Maurílio Biagi.
O projeto envolve contadores de histórias, declamações, varal de poesias, rodas de leitura, folhetos de poemas, concursos literários, cafés filosóficos e também um espaço para os  autores locais e regionais, onde a população terá a oportunidade de estar próxima ao seu autor.
O Ponto de Leitura será também um espaço de troca de livros, onde os autores e autoras terão um papel fundamental, participando e motivando a leitura, a formação de novos leitores e principalmente, novos autores.
O Ponto de Leitura passará a funcionar sempre aos domingos, das 9h às 13h, no Parque Ecológico Maurílio Biagi, localizado na área central de Ribeirão Preto.
Todos estão convidados.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Florbela Espanca

“Sou uma céptica que crê em tudo,
uma desiludida cheia de ilusões,
uma revoltada que aceita, sorridente,
todo o mal da vida,
uma indiferente a transbordar de ternura.
Grave e metódica até à mania,
atenta a todas as subtilezas
dum raciocínio claro e lúcido,
não deixo, no entanto,
de ser uma espécie de D. Quixote fêmea
a combater moinhos de vento,
quimérica e fantástica,
sempre enganada e sempre a pedir
novas mentiras à vida,
num dar de mim própria que não acaba,
que não desfalece, que não cansa."

(Trecho de carta a Guido Battelli)

Florbela Espanca

quarta-feira, 25 de agosto de 2010


"Eu gosto da gente que é capaz de entender que o maior erro do ser humano é tentar arrancar da cabeça aquilo que não sai do coração."

Mario Benedetti

Pablo Neruda

"Quero apenas cinco coisas..
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando."

Pablo Neruda

Prosa de Saberes com Mia Couto

O escritor (e biólogo!) moçambicano Mia Couto estará na Biblioteca Padre Euclides em Ribeirão Preto, amanhã, dia 26 de agosto, às 19 horas, participando do Prosa de Saberes, evento  realizado pela  Oficina Cultural Candido Portinari.
Mia é romancista, contista e poeta, Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, ele é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué.
"A sua linguagem extremamente rica e muito fértil em neologismos confere-lhe um atributo de singular percepção e interpretação da beleza interna das coisas. Cada palavra inventada como que adivinha a secreta natureza daquilo a que se refere, e entendemo-la como se nenhuma outra pudesse ter sido utilizada em seu lugar. As imagens de Mia Couto evocam necessariamente em nós a intuição de mundos fantásticos e em certa medida um pouco surrealistas, subjacentes ao mundo em que vivemos, que nos envolvem de uma ambiência terna e pacífica de sonhos – o mundo vivo das histórias. Pode dizer-se, que Mia Couto sobressai como excelente contador de histórias. Através delas, consegue manter-nos em contato com um pulsar interno que coincide com a própria respiração da terra."
Imperdível esse encontro.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fernando Pessoa no Museu da Língua Portuguesa


 Começa hoje, 24/08, no Museu da Língua Portuguesa, a exposição
Fernando Pessoa, plural como o universo”.
A mostra fica em cartaz até o dia 30 de janeiro, com entrada livre aos sábados.
Essa será a primeira vez que o Museu da Língua Portuguesa vai abrigar
uma exposição sobre um autor português.
“Nosso propósito básico é levar Fernando Pessoa à vida do cidadão que não o conhece, e que, portanto, encontrará uma linguagem acessível, e àqueles que já estão familiarizados com seus versos, que terão a chance de descobrir aspectos e conceitos novos”, afirma Carlos Felipe Moisés.
Com projeto assinado pelo cenógrafo Hélio Eichbauer, a exposição terá como identidade visual o Mar – de Sagres e todos os outros – e os diferentes tons de azul da água e do céu, remetendo à época dos descobrimentos e das grandes conquistas de Portugal, inspirada no livro “Mensagem”.
No primeiro ambiente da sala de exposições temporárias do Museu, o visitante poderá entrar cinco em cabines, onde serão projetados trechos de poemas do próprio Fernando Pessoa e de seus heterônimos Alberto Caieiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares.
Em seguida, entrará numa espécie de labirinto poético que mostrará de forma lúdica e encantadora trechos de poesias e imagens de Fernando Pessoa, como forma de retratar suas várias personas. E depois passará para um ambiente onde documentos fac-símile ampliados, manuscritos ou datilografados, relacionados à sua vida-obra estarão expostos dentro de vitrines.
Já no último espaço da exposição, o visitante poderá acompanhar a cronologia da vida-obra do poeta, por meio de imagens retiradas da recém-lançada fotobiografia produzida por Richard Zenith.
Se eu for lá, e pretendo ir, eu conto mais.
foto de Carmen Fanganiello*

"Tu és a folha de outono voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade - a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão..."

Cecília Meireles

*foto de Carmen Fanganiello premiada com o segundo lugar no I Concurso de Fotografia da AORP

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Museu do Inhotim


Visitar o Museu do Inhotim (em Brumadinho, a 55km de Belo Horizonte) é uma experiência única, que aguça todos os nossos sentidos.
O Instituto Inhotim foi idealizado pelo empresário Bernardo Paz em meados da década de 1980. Em 1984, o local recebeu a visita do renomado paisagista Roberto Burle Marx, que apresentou algumas sugestões e colaborações para os jardins. Desde então, o projeto paisagístico cresceu e passou por várias modificações.
 

A propriedade particular foi se transformando com o tempo. Começava a nascer um grande espaço cultural, com a construção das primeiras edificações destinadas a receber obras de arte contemporânea. Ganhava vida também o rico acervo botânico, consolidado a partir de 2005 com o resgate e a introdução de coleções botânicas de diferentes partes do Brasil e com foco nas espécies nativas, entre as quais se destacam a de Aráceas, uma coleção de orquídeas da espécie Vanda, com 350 indivíduos de diferentes espécies e, ainda, uma das maiores coleções de palmeiras do mundo com mais de 1.400 espécies. Em toda a área são encontradas espécies vegetais raras, dispostas de forma estética, em terreno de 97 hectares que conta com cinco lagos e reserva de mata preservada. Pesquisas e projetos botânicos e paisagísticos são desenvolvidos em parceria com órgãos governamentais e privados.

O Inhotim caracteriza-se por oferecer um grande conjunto de obras de arte, expostas a céu aberto ou em galerias temporárias e permanentes.   O Instituto Inhotim, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIP, além desses espaços de fruição estética e de entretenimento - que lhe garantem um lugar singular entre outras instituições do gênero - desenvolve também pesquisas na área ambiental, ações educativas e um significativo programa de inclusão e cidadania para a população do seu entorno.
O acervo artístico abriga mais de 500 obras de artistas de renome nacional e internacional, como  Tunga, Adriana Varejão, Helio Oiticica, Cildo Meireles, Chris Burden, Matthew Barney, Doug Aitken, Janet Cardiff, entre outros. O Inhotim se diferencia de outros museus por oferecer ao artista condições para a realização de obras que apenas em seu parque poderiam ser construídas.
Mesmo quem não é conhecedor ou fã incondicional da arte contemporânea, não consegue ficar indiferente às provocativas instalações que fazem parte do acervo. São provocações visuais, sonoras e táteis que geram diferentes sensações como o estranhamento, o deslumbramento, o choque, o prazer, o medo, a ansiedade, o vazio, o aconchego, a repulsa, a surpresa... Depende do que está dentro de cada um.
Se não bastasse tudo isso, o local ainda conta com um ótimo resturante, rodeado pela belíssima paisagem.
Vale muito a pena o passeio.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Apego - Mara Senna

Apego

Vão-se os dedos,
ficam os anéis
de Saturno.

Mara Senna

Grandes Empresas na Literatura

O concurso literário "Grandes Empresa na Literatura", que é realizado pela Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, por meio do Instituto do Livro e Secretaria Municipal da Cultura, teve como vencedora a obra "De pedras, girassóis e poesia", da escritora Rita Mourão (à esquerda na foto). A escritora mora há mais de 30 anos em Ribeirão Preto, onde tem participado ativamente para o desenvolvimento literário da cidade. Escritora e educadora também já recebeu Livro de Prata, em 1997, por seu desempenho na área da literatura . Ela leciona no Colégio Metodista de Ribeirão Preto desde 1994. A poesia faz parte do dia-a-dia de seus alunos; foi responsável por várias edições de antologias poéticas dos mesmos. 
“Premiar Rita Mourão é um prazer para o Instituto pois reconhecemos a grandeza e o talento dela, especialmente sua contribuição com a literatura”, disse Ewaldo Arantes, superintendente do Instituto do Livro.
Parabéns, Rita, por mais essa conquista!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Paradoxo - Mara Senna

Paradoxo

Tudo acontece
 e nada acontece.
A vida segue ávida
de calor,
 de arrepio,
de rodopio.
E eu choro por dentro,
só por dentro...
Por fora, não dá.

Mara Senna

domingo, 15 de agosto de 2010

Passatempo - Mário Benedetti

Passatempo

Quando éramos crianças
os velhos tinham trinta
uma poça era um oceano
a morte definitivamente
não existia.

Então quando jovens
os velhos eram gente de quarenta
um reservatório era um oceano
a morte apenas
uma palavra.

E quando nos casamos
os anciões estavam com cinquenta
um lago era um oceano
a morte era a morte
dos outros.

Agora veteranos
e que alcançamos a verdade
o oceano é enfim o oceano
mas a morte passa a ser
a nossa.

Mario Benedetti,
poeta uruguaio,
 in: Viento del Exilio, Editorial Sudamericana, poema traduzido.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Flora Figueiredo na Bienal do Livro de SP

Flora Figueiredo estará autografando na Bienal do Livro em São Paulo, sábado, dia 14, das 14hs às 16hs no espaço da Editora Novo Século.
Além do seu último livro “ Limão Rosa”, os títulos anteriores serão relançados.
Deixo aqui um poema de Limão Rosa, só para sentirem o gostinho:

Desembarque

Pausa para enlouquecer.
Quero descer para rasgar o tempo,
emperrar a máquina,
desatar a corda. 
 Sei que a roda não pode parar,
mas fico de fora por um momento.
 Arranco as vestes e abraço o vento.

Flora Figueiredo

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


A esperança, às vezes, é só um fio
 mas, como dura...

Mara Senna
(verso de um poema ainda em construção)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Aspiração - Drummond

Aspiração

Tão imperfeitas, nossas maneiras
de amar.
Quando alcançaremos
o limite, o ápice
de perfeição
que é nunca mais morrer,
nunca mais viver
duas vidas em uma,
e só o amor governe
todo além, todo fora de nós mesmos?
O absoluto amor,
revel à condição de carne e alma.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Olvido - Mara Senna

Olvido

Um dia, já era agosto,
e eu nem me importava mais.

Mara Senna
do livro Luas Novas e Antigas

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais com poesia de Adélia Prado

Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Adélia Prado

O meu abraço a todos os pais que sabem encher de cores a vida dos seus filhos.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A violoncelista - Mara Senna

A Violoncelista - Adão Contreiras

A violoncelista

A sua vida era pé-de-chinelo.
Mas quando pisava no palco,
fazia amor com o violoncelo

Mara Senna

Flip


Começou ontem, dia 4 de agosto, a Feira Literária Internacional de Paraty - FLIP.
Veja o que acontece por lá, inclusive ao vivo, que é a novidade deste ano.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Imagens de Minas

Eu sou uma apaixonada pelas cidades históricas de Minas. Ouro Preto talvez seja  a mais bonita, Tiradentes, a mais charmosa. Aqui estão algumas fotos de Tiradentes e São João Del Rei.
Vale muito a pena conhecer esse nosso patrimônio histórico e também desfrutar das delícias da culinária mineira.

José - Carlos Drummond de Andrade

(foto da internet)

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro, sua incoerência,
seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Happy end - Cacaso

Happy end

o meu amor e eu
nascemos um para o outro
agora só falta quem nos apresente

Cacaso

domingo, 1 de agosto de 2010

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções."

Martha Medeiros

Procissão - Mara Senna

Procissão

As mulheres,
com dores nos quartos,
rezam terços.
E vão puxando pela mão,
pequenos anjos sonolentos,
de asinhas tortas.
Os homens
cansados dos fardos
carregam,
a passos lentos,
o andor nas costas.
Uma banda toca acordes tristes,
gemendo os seus lamentos
e acordando as portas.
Os pés descalços penitenciam,
sangrentos,
suas agruras pelas ruas mortas.
Só as velas acesas clareiam
os rostos
dessas vidas obscuras.
‘A nós descei, divina luz!’,
clamam às alturas,
as pequeninas chamas
de trêmula fé.
Cada um vai semeando
seu grão de mostarda,
para colher milagre no pé.


Mara Senna
(este poema foi publicado na antologia do 10o. Concurso de Poesias da Universidade Federal
de São João Del Rei)

Inverno Cultural e lançamento da Antologia Poética da UFSJ



Estive semana passada em São João Del Rei, MG, participando do 23a. edição do  Inverno Cultural.
O Inverno Cultural é um festival de arte e cultura promovido pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Realizado durante o mês de julho, desde 1988, é o maior programa de extensão da universidade e consolida sua vocação extensionista através de oficinas, exposições, lançamentos de livros, seminários, espetáculos de natureza diversa e shows, compondo um rico repertório e linguagens múltiplas da arte e da cultura. O tema desta edição foi Paisagens Sonoras - ouvir, ver, sentir.
Um dos eventos que ocorreram durante o festival, foi o lançamento da antologia poética do 10o. Concurso de Poesias da Universidade Federal de São João Del Rei, para a qual fui selecionada com o poema Procissão, inspirado na religiosidade católica mineira.