As mulheres,
com dores nos quartos,
rezam terços.
E vão puxando pela mão,
pequenos anjos sonolentos,
de asinhas tortas.
Os homens
cansados dos fardos
carregam,
a passos lentos,
o andor nas costas.
Uma banda toca acordes tristes,
gemendo os seus lamentos
e acordando as portas.
Os pés descalços penitenciam,
sangrentos,
suas agruras pelas ruas mortas.
Só as velas acesas clareiam
os rostos
dessas vidas obscuras.
‘A nós descei, divina luz!’,
clamam às alturas,
as pequeninas chamas
de trêmula fé.
Cada um vai semeando
seu grão de mostarda,
para colher milagre no pé.
Mara Senna
(este poema foi publicado na antologia do 10o. Concurso de Poesias da Universidade Federal
de São João Del Rei)
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