sábado, 16 de junho de 2012

Penélope - Mara Senna

Penélope

Espero-te bebendo aos goles
desta taça de paciência e doçura.
Do fel,
já bebi antes num só trago
e carrego em mim o seu estrago.
A aranha, que ali tece
ininterruptamente
a sua teia,
ri de mim,
que desmancho mais uma vez
a colcha de Penélope.
Não me perdoarão quando descobrirem
o meu ardil.
Nem quando souberem que meu peito
ainda arde
à espera de ti, impossível Ulisses.
Eu também tenho cá
estas minhas tolices...

Mara Senna
em Ensaios da Tarde

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