segunda-feira, 18 de abril de 2016

Se o nosso Fusca falasse

Foto de Toda Prosa - Mara Senna.

Se o nosso Fusca falasse

Na carona das lembranças da infância, me vem a do Fusca que meu pai tinha no final dos anos sessenta, início dos setenta. Na verdade, houve mais de um: lembro de um azul ou verde, não sei bem, e de um café com leite.
A melhor recordação que eu tenho é que nas noites de domingo, saíamos todos: meu pai, minha mãe e os cinco filhos para dar uma volta. Minha mãe se arrumava, vestíamos roupa de domingo e lá íamos nós felizes da vida.
Entre os irmãos, ...
começava a disputa para decidir quem ia nas janelas. Eu, de minha parte, me lembro que adorava ir num "caixotezinho", uma espécie de bagageiro que o Fusca tinha atrás. A caçulinha, bem pequena, ia na frente ( sim, naquela época podia...) em um banquinho que meu pai mandou adaptar sobre o freio de mão.
O passeio consistia basicamente em passar pela rua principal, a Boa Vista, e parar em frente ao Cine Brasil para comprar pipoca do Sr. Durvalino, que sempre nos atendia com um sorriso largo.
Era a melhor pipoca que já experimentei, talvez porque fosse temperada por esse prazer tão simples dar uma volta de carro, o que era um luxo naqueles tempos de poucos luxos.
Se o nosso Fusca falasse, talvez diria que a simplicidade é o verdadeiro luxo, e que quando uma família se reúne, até um Fusca se torna um enorme coração.
 
Mara Senna

foto: desconheço o autor

Nenhum comentário:

Postar um comentário